Ainda sem acreditar

Hoje cedinho recebi por zap a notícia da morte de Paulo Rafael. Não acreditei. Perguntei à pessoa que me mandou a mensagem quem lhe deu a notícia. Não tive resposta. Me levantei da cama meio desnorteado. Liguei a TV. O Bom Dia Pernambuco noticiou o falecimento. Aos poucos, fotos de Paulinho foram surgindo em postagens no Instagram. Admirava o músico desde o Ave Sangria. O conheci por volta de 1987/88. Quando comecei a escrever sobre música no jornal. Nos tornamos amigos, ia a sua casa na Cidade Alta, em Olinda, onde funcionou um bar chamado Brasil. Depois no Rio, no Jardim Botânico. Uma vez ele foi me mostrar uma música que trabalhava no MacIntosh. Num canto do quarto havia uma caixa com fitas de rolo e, no meio delas, um cassete. Peguei o k-7 e descubro que era a gravação do último show do Ave Sangria, no Sta Isabel, em dezembro 1974. Paulo me emprestou a fita que, anos depois, seria lançada num álbum duplo, que marcou a volta do Ave Sangria. Duas características de Paulo: o bom humor, era muito engraçado contando histórias, e a humildade. No começo deste 2021, a gente conversando pelo instagram, sugeri fazer uma biografia dele. E Paulo escreveu: “Rapaz !!! Fico até me achando. Fico honrado pra caray. Vamos conversar. Diga uma hora ai !!!” A gente foi conversando, mas aí ele me disse que começou a gravar, estava sem tempo, talvez já problemas de saúde. Combinamos de retomar o projeto para um livro, quando ele pudesse.  A última mensagem que me mandou, em maio, foi elogiando um vídeo, postado no Instagram, do meu filho, Guilherme, tocando Algodão (Zé Dantas/Luiz Gonzaga), em solo de violão. “Um estilo maravilhoso, muito pessoal, espero poder fazer um som eu e ele , uma brincadeira tipo jam session, só os dois. quando passar tudo isto. Claro que tenho que saber se ele topa”.  Mas como saber se ele topa? Qualquer guitarrista adoraria tocar com Paulo Rafael. Não apenas tocar, mas ser seu amigo. Uma das pessoas mais gentis que já conheci. Vi na TV, vi postagens nas mídias sociais, mas continuo como fiquei quando li a notícia no zap cedinho, sem acreditar.  (a foto é do acervo de Zé da Flauta, acho que de 1980, quando lançaram o LP Caruá).

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