O “mordomo” do Rei ressurge da sombras

Em 1979, Tony Sanchez, uma espécie de quebra-galho e homem de confiança do guitarrista Keith Richards, perdeu o emprego com o rolling Stone, e escreveu um livro, Up ad Down with The Rolling Stones – The Inside Story (grosso modo, Pra cima e Pra Baixo com os Rolling Stones – Uma História de Bastidores). O livro contava o lado do grupo em geral, e de Keith em particular, trazendo à tona episódios que eles não contavam nas entrevistas.

Keith Richards nem tentou proibir o livro, nem processou Spanish Tony, como ele era conhecido no círculo dos Stones. Quando um jornalista lhe perguntou se as histórias do livro eram verdadeiras, Keith confirmou, com uma ponderação: “Agora, Spanish Tony, procure não aparecer na minha frente”. Nunca apareceu, morreu em 2000. Ninguém se lembra de Tony Sanchez, nem do seu livro (possuo a primeira edição, o ghostwriter foi o jornalista inglês John Blake).

Roberto Carlos já teve um Spanish Tony na sua trajetória, José Mariano da Silva, que usou o nome artístico de Nichollas Mariano (lançou, em 1967, um compacto com composições inéditas do patrão). Nicholas conviveu o cotidiano de Roberto Carlos durante onze anos, do ídolo emergente à ascensão ao superestrelato. Em seu livro O Rei e Eu (1979) contou detalhes dessa intimidade. Roberto, não ignorou,como fez Keith Richards, pelo contrário, o puniu severamente, e levou a editora à falência (a Ediplan).  Não apenas conseguiu com que o livro fosse proibido, como também que a edição, 60 mil exemplares, fosse incinerada (escaparam algumas cópias que circulam na Internet).

Em 1984, a polêmica escritora Adelaide Carraro escreveu um livro sobre o autor do livro proibido, intitulado Eu Sou O Rei (L.Oren), embalado por uma capa dramática e a chamada apelativa: “O que existe neste livro de diabólico, horripilante e tétrico que ele não podia chegar até suas mãos, caro leitor? É você que vai julgar. Pois bem, peguem e leiam”. Adelaide usou um artifício,  tratando tanto Nichollas quanto Roberto Carlos, como personagens de uma história supostamente fictícia, mas na prática, trata-se da reedição de O Rei e Eu, porém sem citar nominalmente nem o Rei nem o mordomo (na verdade secretário).

Pois, bem, 45 anos depois, José Mariano da Silva ensaia uma volta à cena com mais um livro (segundo Lauro Jardim, colunista de O Globo, com o título de Esse Cara Fui Eu). Garante Nichollas que é autobiográfico, mas inevitavelmente deve abordar o tempo em que trabalhou com Roberto. Agora com as biografias liberadas, sem necessidade de autorização, é esperar a reação do Rei em relação seu mordomo indiscreto.

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