Um disco em que a África se funde com o Caribe

Nocturne, álbum de David Walters, Vincent Ségal, Ballaké Sissoko e Roger Raspail é não apenas um grande disco, como oportuno. Em tempos de rachas de bandas ou parceiros musicais, os quatro reafirmam a possibilidade de pessoas de origem e culturas diferentes convergirem em harmonia para um mesmo ponto. David Walters é parisiense de ascendência caribenha, Vincent Ségal é um celista e contrabaixista francês, Ballaké Sissoko é do Mali, e um virtuoso do kora, enquanto o percussionista Roger Raspail é de Guadalupe, território ultramarino da França.

Com um timbre que lembra Curtis Mayfield canta, a maioria das canções, no dialeto crioulo da Martinica, de onde veio sua mãe. Mayfield tem uma bagagem cultural abrangente, estudou no Mali com o guitarrista Ali Farka Touré, trabalhou com o Paris Gothan Project, e bebe na fonte da MPB. Os demais tocam projetos variados, a exemplo, de Ballaké Sissoko, que integra o trio 3MA.

O quarteto faz uma inusitada fusão de música do Caribe com a do Mali, cerzida pela kora de Sissoko, com o cello e contrabaixo e a percussão peculiar de Raspail, com tempero de rap ou jazz. As canções parecem vir em ondas. Umas ondas mansas, suaves, como a que  dá título ao álbum, Nocturno, ou grandes ondas, mas nunca furiosas, feito Vansé. Apesar do Nocturno, o álbum é tem clima de amanhecer ensolarado.

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