O grupo Avoada é assumidamente fissurado no som dos alternativos dos anos 70, especificamente, Sérgio Sampaio, Walter Franco, Luiz Melodia, os “malditos” da MPB. Quer dizer, “malditos” para as gravadoras. Assim foram adjetivados por não se curvarem aos ditames dos patrões. Assim como foram “malditos” por algum tempo, Raul Seixas, Alceu Valença e Fagner. O Avoada é, mais ou menos, um coletivo, ou um projeto paralelo, de Marília Parente, Feiticeiro Julião, Marcelo Cavalcanti e Juvenil Silva. Eles caíram na estrada em meados da década passada, e delimitaram seu espaço no atribulado mercado musical pernambucano.
Na base do “faz escuro, mas eu canto” (versos do poeta Thiago de Mello, muito lido na década de 70), empreenderam turnê pelo interior do estado, lançaram disco, e agora, que se ensaia uma reabertura da artes para o público, aterrissaram nesta terça-feira, 21 de setembro, saudando a primavera com um single, O Céu É dos Malditos. A canção é uma celebração a Sergio, Walter e Melodia, com um toque do igualmente sententista rock rural. A canção é assinada por Marcelo Cavalcanti e Marília Parente. Ela ressalta que a nova música de a Avoada reflete também uma fonte literária:
“Outra figura que me inspirou bastante com essa composição foi a escritora Maura Lopes Cançado, que escreveu o livro Hospício é Deus quando estava internada no Hospício do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. São figuras que, em minha opinião, são menos veneradas do que merecem, mas com as quais a proposta da Avoada se alinha em termos de uma certa atitude punk em relação ao mercado da cultura”.
O Céu é dos Malditos tem os quatros “avoados” tocando de glockenspiel, órgão Hammond a guitarra e violão de doze cordas, com participação de Gilvandro Barros (bateria), e Pierre Leite (sintetizadores, masterização e mixagem), a capa é assinada por Juvenil Silva. A música está disponível nas principais plataformas de música digital.
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