Lou Reed em disco com estreia solo em NYC

O Record Store Day, ou Dia da Loja de Disco, que rola nos Estados Unidos, México, e em quase toda a Europa, desde 2013, em 2021, aconteceu em 12 de junho, e 17 de julho. É a grande festa dos consumidores de LPs, com centenas de lançamentos especialmente produzidos para a efeméride, que logo se tornam raridades, pela pequena quantidade de cópias fabricadas.  Com o surgimento das plataformas de música para stream, estes álbuns passaram a ser acessíveis para os melômanos de países onde não acontece o RSD, e para os que não se importam com o formato do álbum, mas com o seu conteúdo.

Na pirataria há décadas, finalmente ganha um lançamento oficial um concerto de Lou Reed no Alice Tully Hall, sala de shows do Lincoln Center. O concerto, realizado em 27 de janeiro de 1973, marca a estreia solo de Lou Reed em Nova Iorque Foi a estreia americana da turnê do disco Transformer, produzido por David Bowie e Mick Ronson, lançado em novembro de 1972. Ele se apresentou com um grupo chamado amador The Tots, que Richard Nusser, que assinava uma coluna no Village Voice, e resenhou a apresentação, considerou tão bom quanto o Velvet Underground, ao mesmo tempo em que fez elogios rasgados à performance de Lou Reed.

The Tots não era melhor do que os músicos do Velvet Underground, até porque nem idade para isso os integrantes tinham. A banda era de Yonkers, cidade que é praticamente um subúrbio de Nova Iorque. Era formada por músicos saindo da adolescência. Tocam de maneira tão quadrada, que acabam se encaixando no trabalho despojado de Lou Reed, que despediu a banda no meio da turnê, e recrutou o grupo de Mark “Moogy” Klingman (que tocou no Utopia, de Todd Rundgren)

O disco tem um som cru, que se aproxima do tosco, felizmente a masterização e mixagem não mexeram muito nas arestas sonoras do show. Reed nessa época era conhecido apenas em nichos underground, no lado barra pesada de NYC.

São 14 canções, parte delas do repertório do Velvet Underground. Foram dois shows naquele dia, bem concorridos. Lou Reed estava estourado nas radiolas de fichas americanas com Walking on the Wild Side. Difícil entender como foi escolhida como o single do álbum uma canção com letra sobre travestis da entourage de Andy Warhol, e que num dos versos fala em “cair de boca”.

Ainda mais difícil entender a participação de The Tots, para divulgar o repertório de Transformer, considerado a obra prima de Lou Reed, disseminado na cidade por Andy Warhol, que contribuiu para levar Walk on the Wild Side, às paradas da Billboard. Aliás, ele poderia receber a co-autoria de Vicious, um clássico de Reed. Warhol encontrou-se com Lou e soube que ele ia fazer mais um disco solo, e sugeriu que escrevesse uma canção como título de Vicious, e ainda lhe deu o primeiro verso: “You hit me like a flower”.

Lou Reed precisava do impulso do padrinho do Velvet Underground. Vinha de um colossal fracasso de crítica e vendas, com o atabalhoado primeiro álbum solo, Lou Reed (lançado em abril de 1972). O trabalho foi gravado em Londres, deu prejuízo suficiente para que executivos da RCA aventassem a dispensa do cantor sem que ele gravasse o segundo disco.
Lou Reed – Live At Alice Tully Hall (January 27, 1973 – 2nd Show), com selo Columbia/Legacy, está disponível no Spotfy e demais plataformas. 

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