Músicos afegãos silenciam os instrumentos

Há uma parcela de afegãos para a qual a reconquista do país pelo Talibã é a volta de um pesadelo. Os músicos em geral e, em particular, os que tocam em bandas de rock. No domínio anterior do Talibã, iniciado em 1996, baniu-se qualquer música que não fosse feita para elogiar o governo ou de louvores a Alá. O rock, claro, não apenas foi proibido, como os músicos tiveram equipamentos destruídos, e muitos foram presos. A posse de uma fita cassete era motivo para prisão.

Há vinte anos, com a derrota do Talibã, a música popular, e a erudita, do Afeganistão floresceu rapidamente. Primeira banda indie afegã, a Kabul Dream, fundada em 2008, quando o país vivia tempos de liberdade, embora bem sucedida no país, e reconhecida no exterior, sofria tantas ameaças de simpatizantes do Talibã, que seus três músicos refugiaram-se nos Estados Unidos em 2013. Como o governo ainda está se definindo, o tema música por enquanto não entrou na pauta oficial, mas o futuro não é nada promissor, Zabihullah Mujahid, porta voz do Talibã afirmou ao New York Times que música pública é proibida pelas leis do Islam, mas sinalizou para ações menos severas, dizendo que o o governo quer persuadir os músicos a se conscientizarem do que podem e não podem fazer, sem que seja preciso repressão.

Mas já há banimento de música nas províncias de Zabul e Kandahar, no Sul do país, provavelmente por ordens de dirigentes locais. Enquanto isso não se escuta música em Cabul, as casas onde tocavam grupos e intérpretes estão de portas fechadas. Instrumentos escondidos, e vozes silenciadas Entre os mais visados pelo Talibã está o grupo de heavy metal Rig Veda, cujos integrantes já estariam na lista dos que serão eliminados. O Rig Veda é considerado satanista pelo Talibã. A associação Metalheads for Humanity abriu uma conta para reunir fundos a fim de alugar um avião para tirar os integrantes do Rig Veda, e outros músicos, do Afeganistão.

Uma das mais populares cantoras pop do país, também celebridade de TV. Aryana Sayeed, e o marido Hasib Sayed, músico e produtor, fugiram quando as tropas dos Estados Unidos deixaram o Afeganistão. Conseguiram entrar no aeroporto de Cabul e embarcar num avião militar americano, que os deixou no Qatar. Quatro dias depois chegaram aos Estados Unidos.

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