Há poucas formações musicais mais brasileiras do que a charanga. Anos atrás, quando nem pensava em ser jornalista, fui ver um jogo entre o Sport e o América (daqui do Recife), na Ilha do Retiro. O América foi clube forte lá pelos anos 30, seu orgulho é ter sido campeão do centenário da Independência do Brasil, em 1922. Nos anos 80, lutava para continuar no campeonato. Nessa noite, a surpresa foi o América ter um torcida relativamente volumosa, incentivada por uma animada charanga, devidamente uniformizada o padrão esmeralda do time. Com uns 15 minutos de jogo, o Sport inaugura o placar. A charanga para de tocar, e comemora o gol, a maioria dos músico era de rubro negros.
O saxofonista Thiago França toca A Espetacular Charanga do França desde 2013, virou um bloco para animar o carnaval de Santa Cecília, a charanga é um corolário paulistano das orquestras itinerantes que animam o Carnaval do Recife e de Olinda, desde as primeiras décadas do século 20. Inclusive pelo uso de sopros e palhetas, e uma ecletismo rítmico, no casa da Charanga cumbia, afrobeat, samba, frevo e jazz, basicamente música instrumental.
Thiago, com Juçara Marçal, e Kiko Dinucci, integra o incensado grupo Metá Metá (que merece o “incenso”). A espetacular Charanga do França manda ver uma coletânea, The Importance of Being Espetacular (Mais Um Discos), uma geral na sua discografia, com faixas gravadas especialmente para este disco (cujo alvo é o mercado externo), como Don’t Stop Till We Get Enough, carnavalizando o hit de Michael Jackson, rebatizado de Não Para. O álbum é daqueles trabalhos que equilibram diversão com inventividade. Sua música transcende o período carnavalesco, e é uma boa pedida para a programação do carnaval pernambucano (quando o carnaval for possível), tem mais a ver do que grupos de rock, ou estrela do brega.
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