No David Bowie 5. Brilliant Adventure (1992 – 2001), mais um pacote que mapeia a extensa obra do cantor inglesa, falecido há cinco anos, foi incluído Toy, até então na lista dos “álbuns perdidos” de astro da música pop. O disco foi gravado num período de transição, Bowie sentia-se ultrapassado, depois de tantas mudanças ocorridas nos anos 90, sobretudo depois do grunge, com o Nirvana abrindo o caminho para novas bandas, a mistura de funk e rap de bandas como Red Hot Chili Peppers.
Uma antiga canção, Can’t Help To Think About Me, de um compacto seu de 1965, despertou-lhe a vontade de tirar da gaveta músicas que nunca gravara ou que foi lançada e passou em branco. Ao contrário de discos anteriores, em que levava meses para concluir, Toy foi feito ao vivo no estúdio, foi finalizado em semanas. Se Bowie estava procurando um rumo, a sua gravadora, a Virgin, estava perdida, com problemas financeiros, apostou todas as fichas no novo disco de Mariah Carey, que não repetiu as vendagens de trabalhos anteriores da cantora.
Os executivos da gravadora receberam a fita com o novo disco de David Bowie, e concordaram que não dava para arriscar com um álbum de canções antigas, outras recauchutadas, e arquivaram o projeto. Logo Bowie sairia da Virgin, e até o final da carreira lançou álbuns pelo próprio selo, numa parceria com a Columbia.
Toy caiu nas malhas da indústria do bootleg em 2011. Provavelmente quando Mark Plati, o produtor e tecladista, guitarrista de Bowie, perdeu um notebook, no qual havia um arquivo com uma copia do álbum. A cópia que veio à tona é a gravação crua, não lapidada. O disco oficial foi revisto pelo citado Plati. Como quase todos os “álbuns perdidos”, é meio miojo, ou seja, não é ruim, mas tampouco é bom. Tem bons momentos. Um deles é Liza Jane, a primeira canção que Bowie lançou como David Jones and The King Bees, em 1964, outro é You’ve Got a Habit of Leaving,
Entre suas doze faixas, está uma das baladas mais xaroposas que ele compôs, Shadow Man, de 1971 (das sessões do aclamado Ziggy Stardust). Bowie gostava desta, tanto que a incluiu no álbum Heathen, de 2002. O pessoal da Virgin estava correto. Embora sejam canções, em boa parte, com arranjos simples, com um ótimo trabalho de guitarra de Earl Slick, não está definitivamente entre os melhores discos de David Bowie.
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