Surgem tantas expressões no português, que nem sei se ainda se usa insight, mas tive um enquanto dava o primeiro gole na Haiki. Antigamente o pessoal exclamava Eureka, quando lhe vinha um insight. Eureka foi o que, dizem, o sábio Arquimedes bradou depois de resolver um problema com uma coroa. No caso, uma coroa de ouro, pra se botar em cabeças.
Arquimedes teve este insight quando adentrou uma banheira, e saiu correndo, nu, pelas ruas de Siracusa, gritando “Eureka”, ou “Encontrei” em grego. Aí também não vou afirmar que a tradução tá certa, porque grego pra mim é grego. Esta descoberta ficou conhecida como “O Princípio de Arquimedes”.
Se bem que acho que Arquimedes deve ter ficado conhecido na cidade como um sujeito sem princípios, por ter saído à rua exibindo as partes.
Mas esta história de Arquimedes tem a ver com física, ou matemática, duas matérias pelas quais nutro imensa antipatia, e vice-versa. E como o sábio grego entrou nesta crônica é um enigma pra mim, porque eu pretendia falar sobre relógio.
O insight que tive, antes de ser, rude e demoradamente, interrompido por mim próprio, foi olhar pro meu pulso, enquanto dava um gole na haiki, e constatar que há anos não uso relógio, vejo a hora na tela do celular. Relógio já foi uma coisa importantíssima. Complemento da elegância de ambos os sexos, em tempos que só se acreditava haver dois. “Um homem com Mido é outro homem”, dizia-se quando se notava o Mido no pulso de um camarada. Mido era, ou ainda é, uma marca de relógio. “Este aí não dá as horas a ninguém”, era o que se dizia de gente metida às pregas.
Em tempos que não vão tão longe, relógio era motivo de assaltos. À vítima, o ladrão pedia a carteira e o relógio. Hoje chegam na carreira e arrancam o celular da mão da pessoa. O que tem o relógio a ver com as calças? Escrevi numa crônica que o relógio ia sair de linha. Errei. Quando dou fé, é todo mundo com a maior lapa de relógio no braço. Se der só as horas, virou uma redundância na moda.
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