Let it Be terá edição de 50 anos lançada nesta sexta-feira

Se na época de Mozart e Bach a música já fosse gravada, até os tempos atuais haveria relançamentos, gravações alternativas, e temas inéditos de composições dos dois. É o que acontece com os Beatles. Seus discos continuam sendo relançados a cada efeméride. Nesta sexta-feira, 15 de outubro, é a vez da celebração pelos 50 anos de Let it Be, o derradeiro álbum da banda (embora gravado depois, Abbey Road foi lançado antes).

 Vem também aí um novo filme, Get Back, de Peter Jackson, que tenta desfazer o mal estar que o doc de Michael Lindsay-Hogg, de 1970, causou, ao focar o lado baixo astral do grupo que levantou o astral dos anos 60. Documentários têm o poder de adaptar a realidade como a quer o diretor. Durante as sessions de Get Back, entre outros problemas, George Harrison e Ringo Starr anunciaram que saíam da banda. Não por acaso o projeto chegou a um beco sem saída, e foi engavetado, e entregue à Phil Spector, sem participação de George Martin, e apenas dois beatles, John Lennon e Ringo Starr, aprovaram Spector.

 Let it Be volta em vários formatos, desde um álbum duplo, até uma volumosa caixa, com cinco discos: o álbum original, em nova mixagem, o álbum Get Back – Apple Sessions, com faixas extraídas de várias sessões de gravação. O terceiro disco, Get Back – Rehearsals and Apple Jams, ensaios e sessões improvisadas, enquanto o quarto é o álbum lendário Get Back, o projeto inicial, de 1969, abortado e arquivado, com mixagem de Glyn Jones. Por fim, o EP Let it Be, com quatro faixas.

Curioso, como a carreira dos Beatles se encaixa, como num bom roteiro. Please Please Me, o álbum de estreia, é o mais fraco da fase inicial da banda, enquanto Let it Be é o mais fraco da fase final. Foi o único álbum do quarteto a ser malhado pela imprensa. Se bem que menos pela música, e mais pelo que o produtor Phil Spector fez com elas. No então tablóide Rolling Stone (edição de 11 de junho de 1970), o crítico John Mendelsohn, que resenhou Let it Be, livra a cara dos Beatles, e arrasa o produtor, pelos estragos que protagonizou em The Long and Winding Road, um pouco menos em Let it Be, e em I Me Mine. Mendelsohn chega a elogiar uma versão bootleg do álbum, por não ter passado pelas mãos de Phil Spector.

Até John, Paul, George e Ringo desistirem do projeto Get Back, foram gravadas 700 horas de som, incluindo conversas. The Beatles no estúdio era sinal para que se botassem as fitas para rodar. Boa parte dessas horas é preenchidas com música. O áudio do que seria o álbum Get Back vazou, para gáudio dos fãs, e para o mercado de LPs bootlegs (discos não oficiais, lançados sem autorização do artista). Em janeiro de 1970, o áudio veio à tona, o primeiro bootleg dos Beatles, intitulado Kum Back. Diz-se que a gravação custou 10 mil dólares ao bucaneiro, alguém em Abbey Road fez uma copia do acetato mixado por Glyn Jones. Um bootleg que incensou a indústria fonográfica pirata.

Ao longo dos anos, vazou praticamente tudo que o grupo gravou e foi para os arquivos. Nos anos 80, uma série chamada Ultra Rare Trax trouxe dezenas de canções de arquivo, e quase tudo em ótima qualidade. Portanto, o beatlemaníaco, com exceção da qualidade sonora, não encontrará muitas surpresas nesta caixa, luxuosa, e de preço salgado. Nos EUA, custa 165 dólares, em torno de 800 reais, acrescentem-se, mais ou menos, 40 dólares de despesas de envio, e o imposto de importação.

Com Let it Be encerra-se a celebração dos 50 anos dos álbuns da segunda fase dos Beatles, que inclui Sgt Pepper’s, Yellow Submarine, The Magical MIstery Tour, o Álbum Branco, e Abbey Road, todos devidamente turbinados. Sem esquecer que Let it Be teve a versa off-Phil Spector, empreitada de Paul McCartney e George Martin, o Let it Be – Naked, o álbum como foi pensado quando o quatro se reuniram para começar o projeto.

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