Há cinco anos, Michael Delight partiu pro outro plano. Quem? Ora, o americano inventor do Big Mac. Acho meio complicado isso de atribuir a alguém certos inventos. Basta lembrar de Lord Sandwich, que passou à história como o inventor do xará dele, o sanduíche. Este Lord era dado a uma jogatina, parava nem comer. Quando batia a fome, ordenava que lhe servissem pão com carne dentro. Assim, matava quem tava matando ele, sem saber que criava uma das invenções mais populares da humanidade.
Claro que não foi Lord Sandwich quem inventou o sanduíche. Impossível alguém, antes dele, não ter pensado em meter alguma coisa dentro de um pão e comer, seja carne, queijo, ovo, ou o próprio dedo. Aliás, no conto O Nariz, de Gogol, um sujeito acorda e descobre que perdeu o septo nasal, o popular nariz. Na mesma hora, numa padaria no outro lado da cidade, salvo engano, que vivo salvo enganando-me, chega um sujeito fulo da vida reclamando que encontrou um nariz dentro de um pão que comprou nessa padaria.
Gogol foi portanto o inventor do sanduíche de nariz. Por favor, não me venha com um “surreal”, palavra que todo mundo tá usando pra se referir a qualquer coisa, menos às verdadeiramente surrealistas. Feito o Brasil de agora, um bregueço inconcebível mesmo nos maiores delírios dos surrealistas europeus, Breton, Dali, Magritte e afins.
O Brasil transcende à logica, ao cartesiano. Somos uma nação inconscientemente transgressora. Uma colônia que virou matriz de um reino europeu. Quando chegou sua vez de se libertar desse reino, Portugal, óbvio, deu o poder a um português. Dá pra imaginar os Estados Unidos, depois de pegar em armas pra se livrar da Inglaterra, botar no poder um presidente inglês? Então.
Crônica: o inventor do Big Mac e o nariz do conto de Gogol

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