Crônica: quando o uso de óculos são financeiramente obrigatórios

Tem àquele personagem de Voltaire, doutor Pangloss, que considerava este o melhor dos mundos. Para ele, tudo tinha uma razão de ser. Os narizes, por exemplo, existiam pra sustentar os óculos. Pode ser  Com a idade, aprendi a não duvidar mais de nada. Se eu me deparar com Papai Noel, nesse  Natal que se avizinha, eu não só acredito nele, como vou lhe pedir um presente: uma correção na visão. Os narizes podem ter a função de segurar os óculos. Mas os olhos, esses não foram criados pra que as pessoas usem óculos que os façam  enxergar melhor.
Desde tempos imemoriais que me foram detectadas miopia e astigmatismo, mas num grau maneiro, que não me leva a confundir Jesus com Genésio. O grau aumentou com os anos, porque, ao contrário do doutor Pangloss, não acho que septo nasais brotaram nas faces dos animais  para sustentar óculos, que acho obsoletos, e mais chatos do que espinha na parte interna das narinas. Optei por enxergar mal.
Mas eis que, de uns três anos pra cá, passei a ver ruim também de perto. Ai complicou. Porque não ver de longe é até bom. A gente tá num bar e ignora, sem querer, gente que faz calor. Mas não ver de perto é uma derrota. Não dá pra escrever no computador, impossibilita de ler letra pequena, alem de ser financeiramente  arriscado.  Outro dia mandei um pix de 350 paus pra pagar uma pizza de 35. Sorte que o cara da pizzaria era honesto e me devolveu o excesso. Dai em diante, cá em casa, em todo canto, tem uns óculos pra ver de perto. Como diria Noé, do alto dos seus seiscentos anos: “Ser macróbio é uma coisa triste”.

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