No Dia do Músico vou de Sérgio Sampaio (1947/1994), transcrevendo trechos de uma ótima entrevista à Tânia Carvalho, para a revista Rock a História e a Glória, a primeira publicação decente sobre MPB e rock brasileira, que circulou entre 1974 e 1975 (ou 1976, os exemplares não têm data). O capixaba Sérgio Sampaio foi mais um maluco beleza (aliás, ele e Raul Seixas eram muito amigos), incluído no rol dos “malditos”. Um clichê. Sampaio era só mais um daqueles que não se curvavam aos ditames das gravadoras. Morreu cedo, 47 anos.
“Eu fiz um disco na Phillips na fase pós Bloco na Rua. Sabe como é que é, estourou uma música automaticamente, a gravadora te pega pelo braço e te joga dentro de um estúdio. O disco não ficou tão comercial quanto a gravadora achava que deveria ser. Na verdade não tinha outro Bloco. Depois desse disco eu fiz ainda um compacto, e resolvemos dar um tempo de comum acordo. Naquela época as coisas estavam tomando rumos que eu não queria, muito sucesso, muita televisão, muito São Paulo. Eu estava preocupado com meu tempo. Sou um compositor intuitivo que faz músicas que falam da minha sensibilidade em relação à vida. E eu estava sem tempo para sentir e, obviamente, para compor. Fui embora para o Espírito Santo largando tudo (…)
Sem dúvida eu poderia ter aproveitado mais a fase da loucura do sucesso. Acontece que sou uma pessoa muito sensitiva. Não sou um racional, intelectual que faz as coisas cerebralmente. Naquela época eu era um compositor novo com relação à minha obra. Eu sabia que tinha muita coisa pra dar. Mas pra isso eu precisava de tempo. Não adianta você ser uma pessoa que sabe o que quer, porque, de repente, as coisas atingem determinados níveis que as pessoas começam a te pegar pelo braço. Eu não sou uma pessoa que se deixa carregar. Outra coisa, se eu não tivesse parado naquela época, até hoje eu seria o rapazinho do Bloco na Rua. E eu sempre quis ser Sérgio Sampaio. Hoje eu sou um artista. O importante na história sou eu, não minha obra. Essa vem depois, porque nasce de mim”
Gde Sampaio. Parabéns pela escolha. Do músico e da música. Tá passando mesmo, já faz tempo, um f8lme de terror
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é uma entrevista bem reveladora de Sérgio. Merecia ser republicada na íntegra
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