O grande acontecimento musical do ano foi uma mijada que, em matéria de views na web, ganhou de lavagem da célebre tatuagem de Anitta. Sei que é redundante escrever sobre o episódio, porque todos vocês já devem ter visto nas mídias sociais, youtube, a cantora Sophia Urista dar uma xixizada torrencial na cara de um fã. Ele estava na fila do gargarejo, e foi escolhido por ela pra vir ao palco. Sophia é vocalista de uma banda cover chamada Brass Against. A pipizada se deu na última música do show, acontecido em Daytona Beach, na Florida. A canção era Wake Up, do Rage Against the Machine. O rapaz que tomou a ducha dourada não pode nem se queixar, nem processar, porque Sophia Urista avisou, com todas as letras, quais eram suas pretensões quando o trouxe ao palco.
O tempo passa, o tempo voa. Em março de 1969, num show de The Doors, em Miami, Jim Morrison colocou o dardo de Eros pra fora das calças, e praticamente encerrou a carreira. Na verdade quando perguntou se o pessoal queria ver a marmota, criou-se o maior tumulto. Sabe-se que ele levou a mão à braguilha, mas não há fotos do dito cujo ao léu. Botou pra fora, ou não? A polícia não quis saber, deu-lhe ordem de prisão. Jim foi julgado e condenado a sete meses de prisão, e a pagar multa de 500 dólares. Os advogados conseguiram retirá-lo das grades, mas ele acabaria largando tudo e indo morar em Paris, onde morreu, 50 anos atrás.
Até o momento não houve problemas legais, com Sophia Urista, que abaixou a calça e calcinha e mandou ver na cara do fã, passivo, deitado no assoalho do palco. Claro, ela foi atacada nas mídias sociais Com uma diferença, recebeu mais solidariedade do que ataques. Os integrantes da banda, que foram surpreendidos pela incontinência urinária da vocalista tuitaram: “Nos divertimos muito no Welcome to Rockville (n- o festival em que tocaram). Sophia descarregou. A gente não esperava por aquilo, e não foi algo que vocês voltarão a ver nos nossos shows. Obrigado pela presença, Daytona”.
Sophia Urista deve ter caído na real, e manteve-se alguns dias em silêncio nas suas mídias sociais (o show aconteceu na quinta-feira, 18 de novembro). Nessa segunda, ela pediu desculpas e se explicou, via Twitter: “Oi, todo mundo, quero falar sobre minha performance no festival de metal Rockville, em Daytona. Sempre estendi meus limites musicais no palco. Nessa noite estendi demais. Amo minha família, a banda, os fãs, mais do que tudo, sei que alguns ficaram sentidos e ofendidos pelo que fiz. Peço desculpas, e quero que saibam que não pretendi magoar ninguém. Não sou uma artista que gosta de chocar as pessoas. Sempre ponho a música em primeiro lugar. Agradeço a todos pelo carinho e pelo apoio”.
O que deve ter chocado aos que condenaram a cena, talvez mais do que a própria cena, foram as mensagens de solidariedade à Sophia nas mídias sociais, onde foi chamada “rainha”, ou que não precisava se desculpar, porque não tinha feito nada errado. Difícil vai ser ela se livrar da fama. Nos próximos shows da Brass Against, os fãs vão se aglomerar diante do palco, torcendo para ser convidado pro xixi, fotógrafos ficarão de lentes apontadas para a cantora, pra não perder o grande momento. Sophia periga levar uma vaia, se sair do palco sem bisar a chuvinha dourada. Por fim, mas não menos importante, capaz da coisa pegar no Brasil, onde tanto se imita o que rola nos Estados Unidos.
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