Paulo Vitor Bacelar, que toda a Bahia conhecia como Paulinho Camafeu, teve sua morte anunciada nessa segunda-feira, em consequência de um infarto, aos 73 anos. O artista estava internado há dez dias no Hospital do Subúrbio, no bairro de Periperi, em Salvador. Paulinho Camafeu foi cantor, percussionista e compositor, precursor do estilo musical que seria batizado de axé music, em 1987, pelo jornalista Hagamenon Brito. Afilhado de Camafeu de Oxossi, músico, capoeira, personagem de livro de Jorge Amado, Paulinho herdou o sobrenome artístico do padrinho.
Sua Mundo Negro (Que Bloco É Este?), composta para o desfile inaugural do Ilê Aiyê, em 1975, pode ser considerada a primeira axé music, tem todos os elementos rítmicos e poéticos (apesar da influência dos Panteras Negras americanos) dos primeiros sucessos do que seria a nova música baiana, estabelecida a partir da segunda metade da década de 80. Mundo Negro foi incluída no repertório do álbum Refavela (1977), de Gilberto Gil. Fricote, parceria com Luiz Caldas, é o marco zero da axé. A faixa mais bem sucedida do LP Magia (1985) com que Luiz Caldas deflagrou a música carnavalesca baiana país afora.
Paulinho Camafeu, no entanto, foi obscurecido pelas tantas estrelas surgidas com o rolo compressor em que se tornou a axé music, uma estratégia precisa, que levou a música baiana além do carnaval, e espalhar as micaretas pelas grandes cidades brasileiras. Sua morte não causou o impacto que merecia, ele não foi apenas autor de dois sucessos, mas um carnavalesco que participou ativamente de várias agremiações importantes de Salvador, a exemplo do lendário Apaches do Tororó.
Não fosse isso, merecia louvações como compositor gravado por nomes dos mais diversos nichos e procedências, de Sérgio Mendes a Sandro Becker, de Paulinho Boca de Cantor a O Rappa. Da turma da axé raros foram os que não gravaram Paulinho Camafeu. (foto: reprodução do youtube)
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