Germano Mathias, o Catedrático do Samba, em tributo caprichado

Gilberto Gil gravou com o sambista paulista Germano Mathias, em 1978, o disco Antologia do Samba-Choro. Uma das faixas é Minha Nega na Janela (Germano Mathias e Doca), com letra de um  politicamente incorreto hoje impensável. Gil volta a cantar Germano Mathias, num disco tributo, verdadeira constelação de estrelas: Zélia Duncan, Anastácia, Zeca Baleiro, Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Fabiana Cozza, Irena Atienza, Ná Ozzetti, Luiz Tatit, Maucha Adnet, Mariana Bernardes, Carlinhos Vergueiro, Toninho Ferragutti, Graça Braga, Verônica Ferriani, Mateus Aleluia, entre outros. O que faz transparecer a importância de Germano Mathias, 87 anos em 2021 que, com Geraldo Filme (1927/1995) e Adoniran Barbosa, (1912/1982) traduziu a personalidade de São Paulo em linguagem de samba.

Vinicius de Moraes cometeu uma Leviandade quando escreveu que a capital paulista era o túmulo do samba, e pagou a língua. Tem uma parceria com Adoniran, Bom Dia Tristeza. Bastava ao poetinha ter escutado Germano Mathias, cuja quilométrica discografia foi iniciada há 66 anos, foi onipresente no rádio e TV nos anos 50 e 60. Não teve a sorte, tampouco Geraldo Filme, de ser gravado por Elis Regina, como Adoniran, redescoberto a partir da gravação, com a cantora de Tiro ao Álvaro (parceria com Osvaldo Molles), faixa do álbum Adoniran Barbosa – 70 anos, um tributo ao compositor.

Talvez os holofotes voltem-se e direção a Mathias, que ganhou o tributo #PartiuZePelintra – Tributo a Germano Mathias, projeto produção executiva de Manu Lafer, cantor e compositor (com música gravada pelo sambista) e produzido por Swami Jr. O requinte do álbum, vai da capa ao elenco que participa, tanto interpretando, quanto acompanhando. Prova da força do samba de Germano Mathias, compositor e intérprete. Nomes dos mais diversos nicho da música popular atenderam ao convite da produção do melhor disco tributo de 2021.

Gil desta vez com a mais politicamente correta Amigo de Garfo (Manu Lafer). Das 16 faixas, quatro são assinadas por Germano Mathias. As demais por Onildo Almeida, Serra Coirana (parceria com Déo do Baião), nas vozes de Anastácia, Zeca Baleiro, Luiz Carlini e Neymar Dias, Caco Velho (gaúcho, mas patrimônio do samba paulistano), com Porto Rico (com Heitor Barros), cantada por Germano Mathias, Irene Atienza e Manu Lafer, Zé Kéti, Nega Dina, com Graça Braga, alguns dos autores. Todo comungam entre si, o bom humor que pontua a obra de Germano Mathias, autor do exemplar samba Malandro Não Vacila, que canta com Zeca Baleiro e Manu Lafer.

O Catedrático do Samba, epíteto que trouxe da era do rádio, tem em seu tributo um timaço de craques do instrumental: os citados Swami Jr. (violão), Luis Carlini (guitarra), Neymar Dias (viola), mais Milton Mori (cavaquinho e bandolim), Marcelo Barro e Douglas Alonso (bateria e percussão), Rodrigo Aranha (violão de sete), Luizinho Sete Cordas, Ubaldo Versolat Luis o (flauta), Mariana Bernardes (cavaquinho), Alexandre Ribeiro (clarone e clarinete) e Allan Abbadia (trombone).