O disco da manhã deste domingo, de calor infernal, de verão é do baiano Luiz Caldas. Nada de Fricote, nem Haja Amor. É o primeiro álbum que ele lança em 2022, chama-se From Dawn to Dusk, o estilo? Hard rock, intercalado com rock baladas. Um roqueiro que o escutar, sem saber de quem se trata, deve gostar. É hard rock retrô, enviesado para o pop de bandas populares feito a Bon Jovi. Muito bem tocado e cantado. Caldas é uma guitarrista de talento. As dez músicas foram feitas em parceria com o conterrâneo Eduardo Lubisco, autor das letras, ele professor de inglês, e ensina na Espanha.
Do Alvorecer ao Crepúsculo (o título em português) é o disco de número 118 (sic) de um projeto que Luiz Caldas iniciou em 2013, lançando um álbum por mês, sempre no dia 1º. Todos disponibilizados no seu site para download, e para escutar nas plataformas digitais. Ele é bom de melodia, seus hits na época da axé continuam bem tocados, e estão em quase todos os repertórios de cantor de barzinho.
Agora, sabendo de antemão que o disco é de Luiz Caldas, certamente o preconceito vai levar muita gente a nem querer escutar From Dawn to Dust, sobretudo em Pernambuco, cuja antipatia à axé vem dos tempos do Recifolia. Não custa, literalmente, nada tentar ouvir. O álbum, assim como os 117 anteriores, está disponíveis em https://www.luirevienzcaldas.com.br/, de “grátis”.
Em entrevista a Victor Coutinho, do jornal A Tarde, de Salvador, Eduardo Lubisco comentou sua parte na parceria: “Nas letras, falamos sobre encontros amorosos, o amor entre pais e filhos, mas também sobre indiferença diante da vulnerabilidade alheia, sobre relação de dependência com drogas, enfim abordamos questões que permeiam a existência humana e que fazem da vida uma dádiva, mas também um desafio”. Luiz Caldas complementa: “Gosto de explorar diferentes línguas no meu projeto de lançamentos mensais de discos e o rock sempre casa bem com o inglês, uma vez que o gênero musical surgiu e se firmou nos Estados Unidos durante a década de 50”, explica Caldas”.
Da dezena de canções o único momento que lembra, remotamente, a axé, é um “uôôô/uôôô” no início da faixa que fecha o álbum, Before the Blackout, que também lembra Deep Purple. O que falta ao Luiz Caldas roqueiro é uma pegada vocal mais visceral. No mais ele consegue fazer hard rock melhor do que boa parte dos grupos brasileiros que canta no idioma de Walt Whitman.
Deixe um comentário