Lúcia de Carvalho resume suas influências em Pwanga, com participação de Chico César

Luciana de Carvalho é nascida em Angola, criada em Portugal e na França, que começou a cantar com um grupo brasileiro, o Som Brasil. Reflete a queda das fronteiras culturais. Ela canta em tchokwe, dialeto de uma etnia bantu, do nordeste angolano, em português, francês e inglês. Funde ritmos de sua terra natal, com samba, rap, tambores e guitarras, no seu terceiro disco autoral, Pwanga (Luz). A produção é de Jean Lamoot (Mano Negra, banda que teve Mano Chao como vocalista). A paulista Anna Tréa e Chico César fazem participações especiais no álbum, que aterrissou nos aplicativos de música digital nessa sexta-feira, 14 de janeiro;

Pwanga é lúdico e engajado. O single do disco Phowo versa sobre mulheres que pegam no pesado trabalhando no campo no coração de Angola. Pwanga é uma busca de Lucia de Carvalho, pela sua própria história. A mãe criava cinco crianças com muita dificuldade. Decidiu ir para Portugal, levou as três filhas mais novas, e as entregou a um centro, próximo a Lisboa, que abrigava crianças. Ali Lúcia de Carvalho viveu até os doze anos, quando foi adotada por uma família francesa. Foi morar numa vila chamada Meistratzheim, na Alsácia.

Ela alimentava desejo de trabalhar com música. O Som Livre, banda de música brasileira que veio tocar na vila. Foi sua estreia no palco, como vocal de apoio, depois cantora. Foram dez anos aprendendo os mais diversos ritmos brasileiros, até partir para carreira solo, com o lançamento de um EP Ao Descobrir o Mundo, em 2008. A carreira ganharia impulso ao conhecer o baixista francês Edouard Heilbronn. Formaram um casal, e uma dupla. Todas as canções de Pwanga são assinadas pelos dois.

Lúcia de Carvalho é definida como “uma planta com raiz angolana, caule português, flor brasileira”, em terra francesa”. Esta mestiçagem cultural está bem distribuída em Pwanga, e vai até mais longe, em Desperta, com participação de Chico César, que começa com um funk meio marcha de carnaval e envereda por insinuante modulações tuaregs (uma das mais eletrizantes faixas do álbum, e com um ótimo clipe). Tristeza é um samba que tem citações o clássico homônimo (Haroldo Lobo/Niltinho Tristeza), grande sucesso de Jair Rodrigues, em 1966.

Maria, em espanhol, é outra forte faixa de Pwanga, numa levada cubana, com azeitado coral feminino. Saeli tem contracantos e levadas da música sul-africana. Um disco plural que, provavelmente não terá edição nacional. O Brasil é exportador de proteína animal e musical, com Luan Santana e quejandos levando suas canções chinfrins para Portugal, onde já predominou uma música brasileira de outro nível, influente e ainda admirada. Lucia de Vasconcelos aponta para a qualidade da música lusofônica que os brasileiros, em sua imensa maioria ignora.

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