Neil Young luta contra corporações desde o festival de Woodstock

Neil Young é escutado por pessoas que o seguem desde a era Woodstock, ou o descobriram ao longo dos anos, e engrossaram a fileira de fieis seguidores dessa lenda do rock, que se guia radicalmente pelo lema criado por ele mesmo: “É melhor queimar de vez do que ir se apagando aos poucos” (It’better burn out than fade away). Neil está desde meados dos anos 60 em combustão. Deu uma breve maneirada à direita no governo Reagan, mas continuou em frente. Agora ele é protagonista de um badalado confronto com a Spotfy, mega plataforma de música digital

Não foi o Spotfy que removeu a música de Neil Young, mas o artista que pediu que a removessem, caso continuassem com o podcast de Joe Rogan. Pouco conhecido no Brasi, Rogan é um típico astro desse século, em que pessoas levam a sério conceitos medievais, como terraplanismo, e cultuam alguém que regurgita homo e transfobia, racismo, fake News, e promove ideias negacionistas. Joe Rogan é superpopular nos EUA, como comentarista de UFC, comediante. Mantém o podcast mais escutado do Spotfy, que pagou 100 de dólares para tê-lo. Neil Young deu o ultimato à plataforma: ou ele ou eu. Preferiram ele.

Young encara sem medo o que não considera correto para ele. Já no festival de Woodstock, o de 1969, não se deixou filmar pelas câmeras do diretor do diretor Michael Radleigh. O Crosby, Stills, Nash & Young, aparece no célebre documentário, sem que se veja o Young do quarteto. Anos mais tarde, peitaria a então toda poderosa  MTV, em cuja programação as gravadoras pagavam para seus contratados tocarem. Foi uma curiosa emissora de TV: só mostrava comerciais. Em 1988. peitou também colegas de profissão, Eric Clapton, Michael Jackson, The Rolling Stones por contratos com grandes corporações. Michael Jackson virou garoto propaganda da Pepsi, os Rolling Stones saíram em turnê patrocinado pela marca de perfume Jovan, Clapton foi bancado por uma marca de cerveja: “I ain’t singing for Pepsi/i ain’t singing por Coke”, cantou em This Note’s For You. Recebeu críticas por não acompanhar a marcha dos tempos. A fase, digamos, romântica do rock acabou no palco de Woodstock, com fim confirmado no festival de Altmont, promovido pelos Rolling Stones, no mesmo ano, 1969.

 Mas Neil Young é de uma coerência invejável. Ambientalista, Investiu forte contra a fábrica de agrotóxicos Monsanto, que rendeu até disco. Foram muitas suas investidas. Recusou-se, por exemplo, a se apresentar numa edição do Hollywood Rock, no Brasil, porque não canta em festival patrocinado por fábrica de cigarros. Esculhambou o CD, pela qualidade sonora, e as gravadoras por faturar em cima de um produto novo, sem levar em conta a qualidade do que vendia. Considerou tão ruim o formato MP3 que criou um novo formato, que tocava num player chamado Pono. Posto no mercado em 2015, o Pono saiu de linha em 2017. Young é um Dom Quixote lutando contra moinhos reais e implacáveis. Lamentável que em tempos de muitos Joe Rogan, existam tão poucos Neil Young.

A música de Neil Young continua tocando na maioria dos aplicativos de música para stream. A Apple reservou até um espaço especial para este anti-herói, nascido no canadense, e naturalizado americano, batizou-o de “We love Neil Young”.

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