Os bregueços na web rolam muito rápido. Ainda não sei como That’s Not My Name passou a ser usado em tudo quanto é postagem do Instagram. A música foi o maior hit do duo inglês The Ting Tings, formado por Katie White e Jules Martino, do álbum We Started Nothing, lançado em 2008. Estranhei o sucesso instagrâmico de That’s Not My Name, porque The Ting Tings é uma das muitas bandas gringas, que surgem, vão embora, e não passam por aqui. Quer dizer, nem sei se o grupo acabou. O ultimo disco é de final de 2018, The Black Light.
The Ting Tings (o nome vem de um amigo chinês de Katie, significa mais ou menos “o som das inovações de uma mente aberta. E chinês é mais fácil de decorar), foi uma espécie de B-52 inglês. O B-52, lá no final dos anos 70, pipocou com um álbum contagioso e inovador. Claro, o grupo americano é de outro tempo, tem outra trajetória. São parecidos, porque os discos seguintes não têm a mesma qualidade, embora tenha algumas boas canções.
Em 2008, passei férias na Europa, a maior parte em Portugal. A novidade da época era o iPod. Cheguei a comprar um que uma colega do jornal. Mas a Apple torna você refém da marca. Tudo que você fizer tem que ter o logotipo da empresa. Parti pra um tocador de MP3. Um pendrive que tocava música; Cabia um giga de material no bicho, incrível. Um giga era música pra você curtir numa viagem de ida e volta de Lisboa ao Nepal a pé. Sai recheando o aparelho de música. Já no avião me deparei com The Ting Tings. Viralizou em mim.
Não sei exatamente o motivo, mas escutei esse disco as férias inteiras. Claro, só coloquei no pendrive discos de que eu gostava. Mas não adiantava. Ouvia algum deles, e de repente vinha a vontade de The Ting Tings. Acho que nisso de gosto musical, sou filho do tropicalismo, não sou nem um pouco nacionalista. Dou preferência à boa música, e aí pode ser até em esperanto. Com o tempo passei a escutar mais a música que se encaixe ao gosto musical que me foi moldado pelo tempo.
O B-52 tocou bastante no Brasil, porque o grupo participou do Rock in Rio 85. O Ting Tings era completamente desconhecido por cá até viralizar na web. Desconheço a razão, e nem preciso saber. Viralizações desviralizam rapidinho. Não vai influir no meu gostar pelo álbum We Started Nothing. Influi quando botam certas músicas em comerciais, ou trilhas. Aí realmente estragam. Foi assim com Unchained Melody (Hy Zareth/Alex North), composta para o filme Unchained, de 1955, dirigido por Hall Bartlett. Em 1990, foi tema de Ghost, de Jerry Zucker, e saiu do playlist. Toda vez em que ouço a música só vem à cabeça Demi Moore derretendo-se em lágrimas. No filme ela faz papel de vela. Outra que tirei da minha vida foi o primeiro movimento da suíte Peer Gynt, de Edvard Grieg, trilha da peça de Ibsen.
O tema chama-se, grosso modo, “Clima do Amanhecer”, aí nos anos 80 ou começo dos 80, uma agencia de publicidade inventou de colocá-lo num comercial televisivo de remédio pra hemorróidas. A música de Krieg é suave, lírica, com uma melodia belíssima, não cai bem com hemorróidas. Já That’s Not My Name daria pro comercial, assim como dá certo com um monte de coisa nas postagens do instagram,
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