Por que a CIA tentou matar Bob Marley? Pergunta-se no título de um artigo assinado pelo historiador Andrei Tapalaga, professor da Universidade de Surrey, na Inglaterra, e editor do site History of Yesterday.
“Bob Marley foi uma das vozes influentes do século20. Enquanto o mundo encarava guerras em quase todos os cantos do planeta, Bob Marley usava suas crenças rastafariana, e o reggae para promover paz e denunciar o ocidente pela maneira corrupta com que administrava o mundo. Durante os anos 70, em meio à Guerra Fria, qualquer pessoa que fizesse críticas ao sistema ocidental (especialmente se fizesse referência específica aos Estados Unidos), mais cedo ou mais tarde receberia uma visita da Agencia Central de Informação, a CIA”.
Segundo o historiador, o problema que a CIA via em Bob Marley era sua insistência em incitar rebeliões e levantes contra a sociedade estabelecida. E o que menos os Estados Unidos queriam eram insurreições nas ruas, numa época de tensões. Já tiveram bastante disso nos anos 60. Aliás, como uma reação às movimentações radicais daquela década, uma onda conservadora varreu o globo. A América Latina, por exemplo, quase inteira, estava dominada por regime militares.
Marley ainda não era popular na AL, o que não acontecia no continente africano e no Caribe, onde era mais do que um ídolo pop, era um líder político. Em 1976, a casa de Bob Marley foi invadida por sete homens armados. Ele foi atingido no peito e num braço, mas os ferimentos não foram graves. Em 1979, mais um atentado, quando Marley participava de um comício do Primeiro Ministro Michael Manley. Ele e a banda partiram para dois anos de autoexílio na Inglaterra.
Canções como Rat Race, Get Up Stand Up, Three O’Clock Road Block, e os discursos e atitudes libertárias proferidos de Bob Marley contribuíam para que fosse temido por vários motivos. Um desses era a possibilidade de se tornar primeiro ministro da Jamaica, embora Bob Marley nunca tenha apontado para esta possibilidade.
Tapalaga não lembra no artigo, mas eram muitas as gangues na Jamaica. A indústria fonográfica nos anos 60 e 70 era disputada por chefões de gangues. Em 11 de setembro de 1987, há 35 anos, pois, três caras chegaram de moto à casa de Peter Tosh, na Avenida Plymouth, Kingston, e cometeram uma chacina, deixando mortos e feridos. Entre os mortos, Peter Tosh foi atingido várias vezes, espancado, mas ainda chegou a ser levado a um hospital onde morreria. Marlene Brown, namorada e produtora do regueiro, também morreu no atentado.
Embora os atiradores tenham sido presos, nunca se soube a motivação do crime, ou se foram contratados para cometer o atentado. Razões para o crime havia. Peter Tosh era politicamente muito mais radical do que Bob Marley.
De problema no Caribe, já bastava Cuba. Os teóricos das ações da CIA contra Marley. A Jamaica era politicamente agitada, a CIA, como agia nos países periféricos pobres, contrabandeava armas para a ilha, a apenas 1h40 de avião para Miami.
Para os que curtem teoria da conspiração, o historiador Andrei Tapalaga conta que há versões, nunca comprovadas, de que o câncer, que foi a causa da morte de Bob Marley foi arte dos agentes americanos. Teriam sido inoculadas nele células cancerígenas por um agente da CIA, disfarçado de fotógrafo, que se tornou seu amigo, e frequentou o local onde o regueiro vivia depois do atentado em 1979. Pode ser fantasia esta da inoculação, admite Tapalaga, mas pesquisadores ingleses ficaram curiosos a respeito do melanoma que atingiu Marley sob a unha do dedão de um pé, e disseminou-se pelo corpo.
Por fim, o artigo cita uma matéria no USA Today, em que um agente da CIA, no leito de morte, confessou que participara do assassinato de Bob Marley. Bem, aí entra no campo do jornalismo popularesco. Agente da CIA fazendo revelações no leito de morte é um clichê de filme B.
Caro Telles,
Diferente do que está no texto, Peter Tosh foi assassinado em 11 de setembro de 1987 e não em 11 de setembro de 1977, ou seja… MALDITO TECLADO.
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pois é, recentemente o corretor me aprontou uma, Vou corrigir
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