Já pensei em escrever um livro sobre as bobagens acontecidas durante o regime militar. O cronista Sérgio Porto, que também assinava como Stanislaw Ponte Preta, fez isto nos anos 60 (ele morreu em 1968, aos 45 anos), com o Festival da Besteira que Assola o País, ou Febeapá, série de crônicas interrompidas pela sua morte prematura, em 1968, aos 45 anos. Juntei um bocado de notícias de final dos anos 60, e parte dos 70, entre o hilário e o bizarro.
Uma delas tem como personagem o irascível delegado Edgar Façanha, notório policial do Rio. Em março de 1972, Façanha deu um baculejo numa butique em Copacabana, para apreender camisetas. Atendeu uma denúncia, feita ao Departamento de Diversões Públicas, a popular Censura Federal, por uma senhora que alertou para a venda de t-shirts com desenhos imorais na Loja Elegante, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
A supracitada senhora comprou uma camiseta para dar de presente ao filho. Ao chegar em casa mostrou ao marido que se horrorizou com o que estava desenhado na peça de vestuário. Exigiu que ela voltasse ao estabelecimento e devolvesse a camiseta indecente. Qual a indecência estampada na frente e nas costas da camiseta? A gente explica
Sob frases em inglês, Whip Um, e Bradah Hawaii (coisa de surfista), um desenho de uma mão com os dedos levantados, o indicador e o polegar formando um círculo. Sinal de OK no mundo todo, mas que o marido da moça, zelador pela moral e bons costumes, considerou um ostensivo gesto obsceno. Sem atentar pra uma diferença sutil. O sinal de Ok, os dois dedos formam um círculo pra baixo. Na safadeza, o círculo fica na parte de cima da mão.
O dono da loja declarou à reportagem do Jornal do Brasil que achava ter sido um mal entendido do delegado Façanha. Pior é que o policial apreendeu poucas unidades da camiseta. Deu o baculejo quando a loja tinha vendido quase todo o estoque. Naquele tempo tinha dessas coisas. A matéria não diz se Façanha saiu pelas ruas de Copacabana caçando jovens usando a camiseta fescenina.
TelesToques 
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