Augusto Silva & Frevo Novo lançam disco com show, nesta quinta-feira no Festival Do Frevo ao Jazz

Quebra-Cabeça, com Augusto Silva & Frevo Novo, o EP cujo repertório terá estreia nesta quinta-feira, às 20h10, na Praça do Arsenal, na programação do festival Do Frevo Ao Jazz (confira abaixo as atrações do festival). Augusto Silva é um dos dois bateristas da Spokfrevo Orquestra (o outro é Adelson Silva, um capítulo à parte na história da música pernambucana). Ao batizar seu grupo de Frevo Novo, Augusto não está se valendo de retórica. Ele e os músicos do grupo estão estendendo os limites de um gênero por muitos anos refratário às mudanças.

A Spokfrevo Orquestra foi, em grande parte, responsável por livrar o frevo do engessamento colocado pelos puristas. Claro, houve tentativas antes. Notadamente a de Robertinho do Recife, com o disco Robertinho no Passo. O próprio maestro Nelson Ferreira, ousando a junção de baião e frevo em Isquenta Muié (lançada em 1954, pela orquestra o maestro Zaccarias).

Augusto Silva diz que o lançamento do disco será no palco mesmo e, a partir da meia-noite nas plataformas de música digital. O projeto foi viabilizado em parte pela Lei Aldir Blanc, porém, como se diz no popular, acabou sendo feito na tora, o que não significa que não seja requintado. “A princípio seria apenas uma música. O que recebemos não daria pra mais. Porém gravamos as outras faixas na base da brodagem”, conta o baterista.

A produção foi de Augusto Silva, Waltinho D’Souza, e Alexandre Melo (também autor do projeto gráfico), e os arranjos de Augusto e o do grupo.  As seis faixas de Quebra-Cabeça foram gravadas no estúdio Toca do Japi, entre fevereiro e março de 2022. O frevo que dá título ao EP é assinado pelo maestro Spok, que toca os saxes nesta faixa (lembrando que “Cabeça” é o apelido de Augusto Silva).  Um disco de convidados, o pernambucano é chegado a participações musicais. O guitarrista Renato Bandeira está em Simbiose (parceria sua com Augusto Silva), César Michele (que também inova com a Transversal Frevo Orquestra) compôs (e toca flauta na faixa) Dos Pés à Cabeça.   Waltinho D’Souza (que toca tuba no Frevo Novo) é autor de Um Frevo Pra Dona Júlia. O baixista Bráulio Araújo compôs Bomba de Corda (mas não toca nesta faixa), e foi parceiro de Renato Bandeira em Camarão Frevendo.

Um frevo no qual entram elementos de jazz e, tempero de música afro. O frevo e o jazz são irmãos de nacionalidades diferentes. Com as características particulares de onde nasceram:

 “(…) A melodia escrita esgotava-se enquanto os músicos a tocavam e, para deixar, que uma seção continuasse por mais tempo para os que insistiam em continuar a dançar, passaram a improvisar em cima de acordes, ao mesmo tempo em que mantinham uma determinada frase melódica. os músicos aprenderam a esticar qualquer trecho da melodia que estivesse agradando ao pessoal. Estas improvisações e alongamentos surgiram de uma necessidade, e um novo tipo de música começou a nascer” (do livro How it Works, de David Byrne, sobre a música de New Orleans). Tocado nas ruas do Recife para o poviléo (empregando um termo do início do século 20), os músicos de frevo precisavam não apenas esticar trechos de melodias, como adaptar os instrumentos às situações, é o que acontece na nuance chamada “abafo”, em que trombones soavam o mais estridente possível para “abafar” a orquestra que se aproxima.

O frevo executado por Augusto Silva & Frevo Novo é de palcos, pode até ser dançado, mas extrapola o período carnavalesco. Como o jazz, é de improvisos, cada músico tem a sua vez de mostrar a que veio. Porém, igual aos músicos de orquestras itinerantes, que sobem e descem ladeiras de Olinda, ou espremem-se nas estreitas ruas do Bairro do Recife, Augusto Silva (bateria), Waltinho D’Souza (tuba), Liêve Ferreira (guitarra e viola), Gilberto Bala (percussão), e Valmir (flauta) estão nesta empreitada pelo amor ao frevo.

DO FREVO AO JAZZ

De hoje, 12, a domingo, 15 de maio, acontece na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, o festival Do Frevo ao Jazz, com curadoria do maestro Spok e de Gilberto Pontes (saxofonista da Spokfrevo Orquestra). O evento não acontecia há seis anos, e volta com organização da Jaraguá Produções.

A programação completa:

Conversa no Paço do Frevo (13 e 14 de maio – das 10h às 12h)

Onde: Paço do Frevo – Praça do Arsenal da Marinha, Bairro do Recife.

13/05 – Frevo Mulher

Palestrantes: Carmen Pontes + Gabi Apolônio – mediação do Paço do Frevo

14/05 – Do Frevo ao Jazz

Palestrantes: Nelson Ayres +Spok + Mônica Salmaso + Xisto Medeiros + maestro Edson Rodrigues – mediação Spok

Shows

Hoje 12/05

19h – Monica Feijó com o show “Frevo para ouvir deitado”

20h10 – Augusto Silva & Frevo Novo com o show “Quebra-cabeça”

20h20 – Henrique Albino Quarteto com o show “Música Troncha”

Sexta-feira 13/05

19h – Renato Bandeira com o show “Cheiro de Terra”

20h10 – Pife Urbano – convidado: Rafael Marques

21h20 – César Michiles e a Transversal Frevo Orquestra

Sábado 14/05

18h – Duo Frevando com Maria Aida e Nilsinho Amarante

19h10 – Laís de Assis

20h20 – Mônica Salmaso, Nelson Ayres e Quinteto da Paraíba

Domingo 15/05

16h30 – Culminância Workshops

17h – Orquestra 100% Mulher

18h10 – Rubacão Jazz

19h20 – Spok Frevo Orquestra

 Todos os shows são abertos ao público

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