Não chegou ainda por aqui, mas não tarda a chegar. Pode dar problema chamar alguém de careca. Na Inglaterra, virou crime de gênero, um dos poucos a favor do sexo masculino, ou sei lá que expressão está sendo para “sexo masculino”. A carecofobia é um novo item no politicamente correto.
Um sujeito, cuja graça é Tony Finn, foi demitido de um emprego em que estava há 24 anos, ao discutir com o chefe dele, Jamie King, que o tratou por “tabacudo careca”. Finn foi julgado por três sujeitos iguais ao ex-patrão dele: carecas. Não obstante a paridade capilar com o acusado, a trinca decidiu por considerar Finn vítima de discriminação de gênero, levando em conta de que a careca é um atributo dos seres humanos do sexo masculino. Claro, há mulheres que ficam carecas, mas se trata de uma minoria, uma raridade.
Cuidado, porque os eufemismos também podem ser tidos como discriminação de gênero. Nada de tratar o cocuruto de um homem destituído de cabelos no couro cabeludo de “pista de pouso de muriçoca”. Aliás, esta do careca como gênero suscita outros debates. Apontaram, numa destas pesquisas malucas, que o príncipe Williams é o careca mais sexy do mundo. Outros carecas só faltaram arrancar os cabelos por causa do título concedido a quem já ostenta tantos títulos, entre os quais, o de Duke de Cambridge. Muitos contestaram o galardão outorgado ao príncipe, alegando que ele nem careca ainda é, mas calvo, ou seja, tá rumando para a carequice.
Há até um site de relacionamento para os carecas. O cara que o criou diz que o fez porque muitos homens perdem a autoconfiança depois que perdem os cabelos da cabeça. Boa parte deles coloca fotos nos sites usando chapéu, pra esconder a careca. No bald dating não há discriminação, pelo contrário, as mulheres, ou homens, dependendo da apreciação, gostam de uma careca, feito naquela marchinha carioca Nós, os carecas (Arlindo Marques Junior/Roberto Roberti), lançada pelos Anjos do Inferno há 80 anos. A tal que dizia “Mas na hora do aperto/é dos carecas que elas gostam mais”.
Aliás, há sites de relacionamentos pra todo tipo e tamanho. Falando em tamanho, há o site Dinky One, para marmanjos com o perseguido pequeno. O Dinky One, segundo o jornal The Sun, em 2020, já contava com 22 mil membros, 71% de homens, 27% mulheres, e 2% trans. Pelo visto elas podem gostar dos carecas, mas a preferência por bilau diminuto é também diminuta.
Excelente crônica, Teles! Bem humorada. Estilo papafigal!
O politicamente correto é uma bosta, com DNA de tapuru!
Abraçaço do admirador Ciço.
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Prezado Teles,
Gostaria de uma indicação do estimado crítico musical de uma biografia séria de Bob Dylan, publicada no Brasil, mas já traduzida.
Agradece, Cícero Tavares
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cara, nem me lembro, quase tudo que tneho sobre ele é em inglês, saiu um sobre a música like a Rolling Stone, de Greil Marcus, que é um dos mais importantes críticos americanos, mas faz tempo
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