TBtelestoques
Em 1965, enquanto por aqui o pau comia, os IPMs rolavam adoidados (IPM é inquérito policial militar), políticos eram cassados pelos novos donos do poder, os militares, na Itália discutia-se se Rita Pavone (na foto entre Pelé e Garrincha) deveria ou não dar o rádio. Talvez Genival Lacerda se referisse à Rita Pavone quando cantou os singelos versinhos “Ela deu o rádio/não me disse nada/ela deu o rádio” (de Radinho de Pilha, de Namd/Graça Góis, 1979).
A gente explica.
A problemática começou com a avó da cantora, dona Carolina Pavone, que enviou uma carta ao jornal La Stampa, de Turim. Na missiva, ela pedia que pessoas caridosas lhe presenteassem com um radinho, pra que pudesse escutar as músicas da neta famosa, então no auge da fama, nacional e internacional. A carta provocou o buruçu, no qual outros jornais também entraram. Mas como? Rita Pavone, vendendo milhões de discos, fazendo centenas de shows, não podia comprar um radinho de pilhas pra coitada da avozinha?
O pai de Rita entrou em cena. E explicou: a filha não deu o rádio porque ele foi contra. Havia rompido com a própria genitora há 15 anos. E que dona Carolina mandara a carta pra tentar uma reaproximação. Segundo o genitor de Rita pavone, a forma como foi tratado pela mãe na infância teria deixado marcas indeléveis em sua pessoa. Rita Pavone corroborou as declarações do pai, e ainda acrescentou que nunca tinha visto a avó.
A polêmica deve ter continuado, e não se sabe se Rita Pavone deu ou não o radinho de pilha a dona Carolina Pavone. Jornais têm este defeito, jogam uma notícia assim em suas páginas e, muitas vezes, não revelam ao leitor qual o desfecho da história. De qualquer forma, a avó de Rita Pavone nem precisava de um radinho de pilhas pra escutar a neta. Em 1965, Rita Pavone tocava o tempo todo, em todo canto. Foi tão popular no Brasil que virou apelido da polícia. O pessoal quando via o camburão da Rádio Patrulha dizia “Lá vem a Rita Pavone”, por causa das iniciais RP.
DATEMI UN MARTELLO
DATAMI UM MARTELLO
O maior sucesso de Rita Pavone, em 1964, Datami Um Martello seguiu os misteriosos caminhos que levam ao sucesso. No original a canção chamava-se The Hammer (O Martelo), e foi composta por dois comunistas, Peter Seeger e Lee Hays, em 1949. Foi cantada pela primeira vez em público, por Seeger e Hays, naquele mesmo ano, num jantar do Partido Comunista dos Estados Unidos, em Nova Iorque. A primeira gravação pelo grupo de música folk The Weavers, do qual Peter Seeger e Lee Hays eram integrantes, aconteceu em 1950.
Mas só foi para as paradas em 1963, com Peter, Paul & Mary, intitulada agora If I Had A Hammer (Se Eu Tivesse Um Martelo). Foi certamente dessa gravação do trio, que o compositor italiano Sergio Bardotti fez a versão pra Rita Pavone (também cantada por Jerry Adriani e a Pato Fu). A letra em italiano passa por longe da original, um clássico do cancioneiro americano de protesto. A versão de Rita Pavone é tão bobinha quando qualquer iê-iê-iê da época: fala em festinhas, em gente chata, no pai chegando para interromper o assustado.
Eu acho que a avó só fez piorar a situação… Assim como fazia Sandra Regina quando se lamentava na imprensa sobre o Pelé… Roupa suja se lava em casa,rs.
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