Paulo Diniz, falecido há oito dias (em 22 de junho) é um dos maiores exemplos da vida do artista da música popular no Brasil. A esquistossomose, que contraiu nos anos 80, foi debilitando-o aos poucos, a ponto de, nos últimos anos, deixa-lo prostrado na cama, em seu apartamento em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Mas Paulo, que era forte, de boa estatura, viajou pelo país até quando as condições físicas não permitiram. E viajava, mesmo debilitado, porque esta é a única forma do artista ganhar o pão. Aqui direitos autorais, e venda de discos são fontes de rendas secundárias.
No início dos anos 2000, Paulo Diniz cantava em cadeira de rodas, ou de pé, apoiando-se em muletas. Assim fazia muitas apresentações, e viajava para os recantos mais longínquos do país. No Norte há um enorme e fiel séquito de fãs seus. Numa dessas incursões pela região, ele foi cantar em Macapá, no Amapá. Casa lotada, muita gente na turma do gargarejo. Paulo Diniz na cadeira de rodas, depois de pé, com as muletas. Desfiou todos os sucessos, a plateia fazendo corinho.
Quando o show terminou, Paulinho movimentou-se e quase cai. Ele usava botinas Timberland, porque lhe davam mais apoio, firmavam mais os pés no chão. O “quase cai”, porque notou que estava apenas com uma botina. O palco era baixo, alguém furtou a outra, sem que Paulo sentisse. O dono do estabelecimento foi alertado. Mandou fechar as saídas da casa, e foi ao microfone explicar o que acontecera; Disse que Paulo precisava do calçado, pois não trouxera mais um par, e tinha alguns shows pra fazer na semana seguinte. Pediu a quem levou a botina que, por favor, a devolvesse.
Fez silêncio. Tensão. Muita calma nesta hora. Logo apareceu o autor do furto. Não foi ladrão, foi um fã (tanto que só levou um pé do par de botinas). O rapaz devolveu a Timberland, pediu desculpas, só queria uma lembrança do ídolo. Quem me contou o episódio foi o guitarrista Renato Bandeira (da Spokfrevo Orquestra), que acompanhou Paulo Diniz nessa turnê (tocou alguns anos com ele).
Sempre gostei tanto dele e não sei porque, nunca fui a um show. Me sinto frustrada.
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o ultimo que vi foi no baile perfumado
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Orgulho-me de tê-lo colocado no palco do Teatro de Santa Isabel, na cadeira de rodas, no Janeiro de Grandes Espetáculos de 2017! Alô Paulo de Castro, fomos buscá-lo na casa dele, em Boa Viagem!
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vítima do sistema de direitos autorais no Brasil. Nos EUA com um único hit o artista vive bem a vida inteira
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o ultimo show que vi dele foi no baile perfumado, no abril pro rock
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