Duas canções. Dois momentos. Em março, Anitta virou glória nacional. Cegou ao primeiro lugar na Parada Global da Billboard, com a música Envolver, que poucos brasileiros conhecem. O inglês Harry Styles (foto) está há dez semanas no topo da parada Hot 100 da citada Billboard, com As it Was, que poucos brasileiros conhecem. O que tem Anitta a ver com Harry Styles?
“Nunca antes na história novas canções chegam ao status de mega sucesso, gerando tão pouco impacto cultural”. A afirmação é de Ted Gioia, músico, crítico de músico, e autor de vários livros sobre música. Gioia escreveu um ensaio sobre o fenômeno, baseado em informas da MRC, ou Music Record Data, que pesquisa e fornece números para a indústria, o mercado da música, e para a Billboard (a revista que faz a radiografia semanal do negócio da música nos EUA e no resto do planeta).
Baseada em levantamentos feitos em 2021, a MRC mostra que a música velha, mais ou menos, com mais de dois anos, domina com ampla vantagem os lançamentos recentes na preferência dos ouvintes. 73,1% do consumo de música pelos americanos são, em sua maioria, de canções do século passado. Das 200 músicas com mais plays nas plataformas de stream apenas 5% têm menos de dois anos. Em 2019 o percentual era o dobro. As canções mais baixadas no iTunes são do século 20, nomes como Creedence Clearwater Revival (que acabou em 1972), e The Police (que completou 45 anos em 2022).
“O sucesso sempre teve vida curta no mercado musical, mas hoje, mesmo músicas que são realmente grandes sucessos passam despercebidas pela maioria da população”, ressalta Ted Gioia em seu texto. Tal situação vem do fato da indústria trabalhar no novo, no que está acontecendo agora. Faz parte do negócio. Querem vender a música que acaba de sair do forno. É a sua função. Mas não empregam os mesmos investimentos de outrora. Em consequência cada vez menos o consumidor presta atenção. Envolver, de Anitta não foi além dos fãs. As it Was, de Harry Styles chegou mais longe, provavelmente porque ser uma canção com jeito de anos 80, tocou mais nas emissoras de rádio do que foi acessada em stream. Mas diferentemente do passado, não toca no Brasil, grande parte das emissoras de rádio ignora Style.
Gioia reforça o desinteresse pelos os novos artistas e suas músicas, apontando para o desinteresse na cerimônia de entrega do Prêmio Grammy. A audiência da cerimônia caiu 53% entre 2020 e 2021. A transmissão do Grammy é vista basicamente por gente velha. 98% das pessoas entre 18 e 49 anos não a assiste. Em 2012 a audiência do Grammy foi de 40 milhões de pessoas. Em 2021, de apenas 8 milhões.
O diagnóstico, segundo Te Gioia. As gravadoras investem mais no certo e sabido, daí porque estão adquirindo catálogo completos, mas nenhum de gente jovem. Bob Dylan, Bruce Springsteen, Neil Young, Steve Nicks, alguns que venderam sua obra. Todos tem músicas tocando há pelo menos 50 anos, e continuarão tocando sabe-se lá até quando. Não por acaso a indústria do vinil cresceu impressionantemente em uma década. O formato tem 70 anos, a maioria dos LPs fabricados atualmente é de veteranos. As lojas de vinil têm opção preferencial pelo rock, ou MPB clássica. As emissoras de rádio dão pouca atenção à música nova.
Uma saída para música nova é liberar para comerciais. As rádios, no Nordeste, tocam muito sucesso de piseiro, de fuleiragem, sofrência, mas poucos sabem que a canção não é um jingle, e ignoram de quem é, ou quem canta. Gioia não acredita que o desinteresse pela música nova deva-se à falta de qualidade. Há a música popularesca, produzida numa linha de montagem, com data de validade, para consumo imediato. No entanto, faz-se muita música boa, mas que não está no foco das gravadoras, dos meios de comunicação. O mercado perdeu a habilidade de descobrir talentos e impulsioná-los.
J.T. Tarde ‘sentada’cadeira de balanço (q.pena!) divina, lendo toques do basalto, comentários – uaifaicaicai foram? Comi dados móveis irá? Gioia/razão toda, mas…parada de bus/moça ouvia brega-chic/nunca ouviu Luiz Melodia! Interessa a quem a pobreza musical q.assola (tóctóctóc?) perifas? Conheci Livro 7, pequenina c/tijolos aparentes, Gentleman/Tarcísio, volta às artesanias/p/fugir redes/perdi. Se avexe/não(LAB deu celulão, teclado desobedece)se velhatriz, ao te encontrar, pedir: Me dê, me dê, me dê. Grata, deweras
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quem faz música que predomina na midia hoje é produtor e empresário, com as devidas exceções
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