Costumo dizer que são misteriosos os caminhos que conduzem ao hype. O Creedence Clearwater Revival, entre 1969 e 1972, quando debandou, vendia discos feito água, e emplacou um rosário de hits nas paradas do planeta. Foi a banda de rock gringa mais popular no Brasil nessa época. Não apenas por seus próprios discos, mas também pelas versões em português, gravadas pelos Fevers, Renato e seus Blue Caps, Carlos Gonzaga, Marcus Pitter, e até Reginaldo Rossi.
O CCR conseguia equalizar qualidade e popularidade. Alguns dos hits do grupo são muito utilizados em trilhas de filmes e séries, mas nunca atraiu a geração nascida a partir dos anos 90. Feito aconteceu recentemente com a cantora Kate Bush, estourada nas paradas com Running Up That Hill (A Deal With God), música de 1985. A banda de John Fogerty é curtida basicamente pelos fãs de primeira hora. Curiosamente, toca bastante nas camadas mais pobres da população brasileira, ao lado de Pholhas e Bee Gees. Em carreira solo, Fogerty, um dos melhores compositores de sua geração, nunca emplacou sucesso por aqui. Nem tantos assim lá fora.
Há anos não se lançava nada novo do Creedence. Agora foi anunciado, para 16 de setembro, o álbum com o registro de um show no Royal Albert Hall, em Londres, realizado em 4 de abril de 1970. A fita estava sumida há 50 anos. Foi restaurada pela equipe do produtor Giles Martin, filho de George Martin, que comandou a operação das reedições cinquentenárias de Sgt Pepper’s e Abbey Road, dos Beatles. A mixagem e masterização foram feitas no estúdio da EMI, em Abbey Road.
O interesse pelo álbum deve-se ao show no Royal Albert Hall ser o único ao vivo lançado na íntegra, com a formação original do CCR. Com o disco será lançado o doc Travelin’ Band: Creedence Clearwater Revival at the Royal Albert Hall, que conta a trajetória do grupo surgido em meados dos anos 60, em El Cerrito, Califórnia.
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