Paulo André Pires, produtor do Abril pro Rock, lança livro de suas memórias como motorista de turnês

“A Nação Zumbi abriu o show da volta dos Mutantes no Barbican Centre, em Londres”. No dia seguinte, logo cedo, fomos passar o som pra gravar o programa do Jools Holland na TV BBC. As bandas pas­savam o som um dia antes, mas a Jody Gillett, filha do radia­lista Charlie Gillett, que trabalhava pra Trama no Reino Unido, conseguiu que a Nação passasse no mesmo dia.

Depois da histórica noite, fui o último a dormir e o primeiro a acordar pra agilizar a ida à BBC. Passamos o som e fomos pro camarim. Aproveitei a espera pra gravação e dei um co­chilo em um sofá. Achei que tava sonhando quando de muito longe ouvi a frase:

— O doido do Pink Floyd tá aí na porta…

Achei mesmo que era sonho, mas um dos caras repetiu:

Mermããão, é o doido do Pink Floyd, tá bem aí na porta do camarim…

Dei um pulo do sofá.

— É sério?

— Abre a porta e vê…

— Alguém tem uma câmera?

Peguei um CD da Nação Zumbi, abri a porta, e lá estava a lenda David Gilmour, bem ali.

Hello man, we are a band from Brazil. Please have our CD. Can we take a picture with you?

Antes disso, Paul Simon havia entrado no nosso camarim. Abriu a porta, ficou todo mundo parado olhando pra ele, sem reação. Aí, ele disse:

Hi guys, do you know who I am? I’m your fan.

Alguns segundos se passaram, eu respondi:

Yeah, welcome, very nice to meet you.

Ele ficou um tempinho conversando com a galera, e Bolla 8 soltou depois:

— Oxe, ele é bem baixinho…”.

Trecho do livro Memória de Um Motorista de Turnês, de Paulo André Moras Pires cujo lançamento a Cepe Editora promove neste sábado, 13 de agosto, às quatro da tarde, no Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero, Bairro do Recife.

Paulo André produz o Abril pro Rock desde 1993, foi o produtor que levou o Chico Science & Nação Zumbi para o mundo, abrindo a trilha pela qual dezenas de artistas pernambucanos percorreram para levar sua música a diversos países, numa época em que nomes como Gilberto e Caetano Veloso começavam a conquistar o mercado externo, e era impensável um grupo novato de Pernambuco tocar nos Estados Unidos ou na Europa. Um livro de muitas histórias da música pernambucana que mudou Pernambuco, e de outros gêneros, pelos quais Paulo incursionou. Li o livro de uma tacada só. Paulo André fica nos devendo pelo menos mais dois: o das turnê com Chico Science, DJ Dolores, Cascabulho, Cabruêra, e grande elenco. O outro? O do Abril pro Rock, que ano que entra inteira 30 anos. Compareçam

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