“A Nação Zumbi abriu o show da volta dos Mutantes no Barbican Centre, em Londres”. No dia seguinte, logo cedo, fomos passar o som pra gravar o programa do Jools Holland na TV BBC. As bandas passavam o som um dia antes, mas a Jody Gillett, filha do radialista Charlie Gillett, que trabalhava pra Trama no Reino Unido, conseguiu que a Nação passasse no mesmo dia.
Depois da histórica noite, fui o último a dormir e o primeiro a acordar pra agilizar a ida à BBC. Passamos o som e fomos pro camarim. Aproveitei a espera pra gravação e dei um cochilo em um sofá. Achei que tava sonhando quando de muito longe ouvi a frase:
— O doido do Pink Floyd tá aí na porta…
Achei mesmo que era sonho, mas um dos caras repetiu:
— Mermããão, é o doido do Pink Floyd, tá bem aí na porta do camarim…
Dei um pulo do sofá.
— É sério?
— Abre a porta e vê…
— Alguém tem uma câmera?
Peguei um CD da Nação Zumbi, abri a porta, e lá estava a lenda David Gilmour, bem ali.
— Hello man, we are a band from Brazil. Please have our CD. Can we take a picture with you?
Antes disso, Paul Simon havia entrado no nosso camarim. Abriu a porta, ficou todo mundo parado olhando pra ele, sem reação. Aí, ele disse:
— Hi guys, do you know who I am? I’m your fan.
Alguns segundos se passaram, eu respondi:
— Yeah, welcome, very nice to meet you.
Ele ficou um tempinho conversando com a galera, e Bolla 8 soltou depois:
— Oxe, ele é bem baixinho…”.
Trecho do livro Memória de Um Motorista de Turnês, de Paulo André Moras Pires cujo lançamento a Cepe Editora promove neste sábado, 13 de agosto, às quatro da tarde, no Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero, Bairro do Recife.

Paulo André produz o Abril pro Rock desde 1993, foi o produtor que levou o Chico Science & Nação Zumbi para o mundo, abrindo a trilha pela qual dezenas de artistas pernambucanos percorreram para levar sua música a diversos países, numa época em que nomes como Gilberto e Caetano Veloso começavam a conquistar o mercado externo, e era impensável um grupo novato de Pernambuco tocar nos Estados Unidos ou na Europa. Um livro de muitas histórias da música pernambucana que mudou Pernambuco, e de outros gêneros, pelos quais Paulo incursionou. Li o livro de uma tacada só. Paulo André fica nos devendo pelo menos mais dois: o das turnê com Chico Science, DJ Dolores, Cascabulho, Cabruêra, e grande elenco. O outro? O do Abril pro Rock, que ano que entra inteira 30 anos. Compareçam
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