Guilherme Arantes é daqueles artistas que emplacou tantos sucessos que, ao mesmo tempo em que arrebata um imenso séquito de fãs, é alvo de certa antipatia por tocar demais. Isto aconteceu com quase todos os artistas bem sucedidos na música pop, de Elvis Presley a Michael Jackson, ou a recém-falecida Olivia Newton-John e o grupo Dire Straits. O auge do cantor e compositor paulistano aconteceu entre meados das décadas de 70 e 80 quando, além de levar seus discos às paradas, forneceu sucessos a estrelas feito Elis Regina, que gravou suas Aprendendo a Jogar (no álbum Elis, de 1980, que tem mais uma canção de Arantes, Só Deus É Quem Sabe).
Em 2023, Guilherme Arantes completa 50 anos de carreira, contando de sua participação, como pianista e vocalista do Moto Perpétuo, grupo paulistano de rock progressivo, que estreou em disco em 1974, pela Continental que investia no novo rock brasileiro. Lançou também Ave Sangria, Secos & Molhados, Som Nosso de Cada Dia, Barca do Sol, entre outros. Em 1976, ele deixou a banda, e iniciou uma carreira solo, fundamental para apontar outros caminhos para o pop nacional, ainda preso ao formato dos anos 60.
O modelo era Roberto Carlos que, por um breve momento, aderiu à soul music, afastou-se do canto suave, interpretações mais agressivas, com temas menos convencionalmente românticos. Foi também uma fase que passou rapidamente. Em 1973, ele abraça a canção italiana, envolto em orquestras e muitas cordas nos arranjos. Eis que chega Guilherme Arantes, estourando em 1976, com Meu Mundo e Nada Mais. Renovando a música pop brasileira com o que já acontecia desde o inicio da década nos EUA ou Inglaterra: o pop protagonizado pelo piano como principal acompanhamento, e não a guitarra. Mandou às paradas 12 grandes hits, muitos disseminados pelas trilhas de novelas, no auge da gravadora Som Livre.
Guilherme Arantes repassa sua trajetória de quase meio século neste sábado, 27, às 21h, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. Planeta Água, Cheia de Charme, Deixa Chover, Aprendendo a Jogar, os sucessos obrigatórios, estarão, com diversos outros hits, no repertório. Desta vez Guilherme Arantes e seu piano terão a parceria luxuosa de uma orquestra dirigida pelo experiente maestro paulista Eduardo Pereira, que transita, sem preconceitos, entre o erudito e o pop rock. A abertura será feita pelo cantor pernambucano, de Arcoverde, Caike Souza.
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