Finalmente, Marco Polo Guimarães resolveu escrever um livro de memórias, que lança nessa quinta-feira, às 19h, na Passa Disco, na Rua da Hora, no Espinheiro. Ave Sangria e Outras Batalhas, publicado com apoio da Cepe e realizado pela editora Mariposa Cartoneira. O livro tem edição limitada, a capa é artesanal, cada uma diferente da outra, feita a mão. Cada exemplar é, portanto, único, e com precinho camarada: R$ 30.
Marco Polo escreve muito bem, poeta precoce, com o primeiro poema publicado quando estava com 16 anos. Teve a petulância de ir mostra-lo ao já consagrado escritor Ariano Suassuna em 1966. Que não apenas leu os originais do poeta aprendiz, como o recomendou a um crítico literário e professor da UFPE, João Alexandre Barbosa, que publicou um dos poemas de Marco Polo no Suplemento Literário do Jornal do Commercio, do Recife. Mas o garoto também alimentava inclinações musicais. Sua primeira composição remonta a quando estava com oito anos.
Polo tem raro poder de síntese. Também de objetividade. A autobiografia tem apenas 54 páginas. Mas com o essencial. Conta a trajetória do artista quando muito jovem, seus primeiros passos na leitura, na música, as primeiras passeatas, a ida pro Rio e São Paulo, a convivência com nomes como Plínio Marcos, o grupo Dzi Cocrettes (com os quais morou), tretas com repressão da época da ditadura (da polícia e de militantes civis de direita) e a sua entrada definitiva na música (embora tenha continuado na seara da poesia, com pelo menos uma dezena de livros publicados).
Marco Polo detalha episódios da psicodelia pernambucana dos anos 70, o início do Tamarineiro Village, depois Ave Sangria, o fim do grupo acuado pela censura do regime militar, a volta ao jornalismo. A Ave Sangria, fênix renascendo das cinzas, quatro décadas depois de terminar. Um livro cuja leitura só acaba quando termina, com gostinho de quero mais.
Sem querer dar spoiler (o que já se chamou “estragar prazer”), transcrevo um trechinho sobre a música que provocou a proibição do disco de estreia do Ave Sangria, pela Continental, em 1974, o choro-rock Seu Waldir, feito para um projeto de disco de Marília Pêra, que foi engavetado. “Eu já tinha desistido de uma ideia inicial de chamar uma mulher para cantar Seu Waldir. Decidi que eu mesmo iria cantá-la como forma de desafiar o machismo pernambucano. O resultado foi que alguns amigos deixaram de falar comigo. Alguém me disse que. No meio do show Marginal, no Teatro do Parque, um cara saiu pela porta do teatro gritando: “Porra, eu não sabia que Marco Polo era veado”.
Alvíssara!
Em fim Marco Polo resolveu publicitar sua competente simplicidade!
Já estava na hora, como diz o feiticeiro Rafiki de O Rei Leão para Simba, que fugia do trono, para que assumisse aquela revolução musical patrocinada pela Ave Sangria e a sua psicodelia!
Parabéns, Marco Polo!
Obrigado Teles pela divulgação da novidade!
A simplicidade de Marco Polo é espiritual!
CurtirCurtir
gente finissima
CurtirCurtir