TBtelestoques: Quando Banho de Lua foi lançada, por Celly Campello, foi chamada de “burrinha, horrorosa e de mau gosto”.

O rock and roll nacional surgiu junto com a bossa nova. Desde 1955 gravava-se rock no Brasil, mas pra pegar carona num modismo passageiro. Só em 1958, foi que as gravadoras caíram na real. O rock and tornara-se um dos mais lucrativos gêneros musicais no mercado fonográfico americano.
Convidaram os mais atuantes versionistas da praça para criar letras em português de hits internacionais. Fred Jorge (1928/1994), Nazareno de Brito (1925/1981), dois dos mais requisitados, trintões ambos quando fizeram versões dos sucessos iniciais do rock brasileiro.

Nazareno de Brito fez mais versões na era do iê-iê-iê, enquanto Fred Jorge a partir de final dos anos 50. É dele a maioria das versões, nos LPs de Celly Campello, incluindo os dois maiores da cantora, Estúpido Cupido (Sedaka/Greenfield), e Banho de Lua (Tintarella Di Luna, Migliacci/Filippi). Celly foi a primeira e fugaz rainha do rock nacional. Em quatro anos abdicou da coroa para se casar.

Estava meio esquecida, quando os Mutantes gravaram uma versão psicodélica de Banho de Lua. Em 1972, Gilberto Gil a citava em Back in Bahia (“ouvindo Celly Campello/pra não cair”). Banho de Lula tornou-se um clássico da MPB, mas pouca gente se lembra de que esta canção de melodia simples, e letra ingênua foi centro de polêmica quando foi lançado.

Especialista em polêmica, o apresentador Flávio Cavalcanti, no Programa Noite de Gala, comentou que Dorival Caymmi tinha lançado uma bela composição que não estava tocando no rádio, enquanto Banho de Lua tocava em todas as emissoras, e fez o gesto de esfregar o indicador e o polegar, que significa dinheiro. Ou seja, que radialistas comiam pra tocar a gravação de Celly Campello. Na semana seguinte, Flávio Cavalcanti voltou à carga, ressaltando que a Rádio Jornal do Brasil deixara de tocar Banho de Lua.

Jair de Taumaturgo, já um senhorzinho de 40 anos, quando a música estourou em 1960, um dos maiores incentivadores do rock na época, entrou na briga. Pediu pra Flávio Cavalcanti provar que ele recebia jabá pra tocar Banho de Lua: ”O que acontece é que o público exige novos ídolos, caminha para outros gostos musicais, enfim, e o rádio tem que seguir o mercado a que se destina”, comentou para a Revista do Rádio.

Flavio Cavalcanti disse que não tinha nada de cunho pessoal na campanha contra Banho de Lua, que não conhecia pessoalmente nem Celly Campello nem Fred Jorge, complementando que a música era fria, horrível, burrinha e de impressionante mau gosto. “Acho um verdadeiro crime a proliferação dessas músicas de péssimo gosto. Vendo-se claro e evidente o desejo desenfreado do lucro”, frisou o apresentador. O diretor da Rádio Jornal do Brasil, por sua vez, disse não que Banho de Lua não foi incluída na programação emissora porque a música era ruim.  Enquanto isso Celly Campello passou semanas e semanas nas paradas do Rio e São Paulo (e do restante do país) com a música que Flávio Cavalcanti considerava “burrinha”.

Um comentário em “TBtelestoques: Quando Banho de Lua foi lançada, por Celly Campello, foi chamada de “burrinha, horrorosa e de mau gosto”.

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  1. Adorei “banhos de Lula” do sardop… Suas crônicas aumentam saudades do jornal-papel. Lembro então q.vc foi um dos nomes q. o querido/longevo Celso Marconi disse-me procurar, qdo “voltei Recife” (16 anos) nem Cely C., nem Rita L., apenas atriz, agora velhatriz, fama/dinheiro poucas mas certa das opções. Aquele abraço JT.

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