A Lillith Records é uma gravadora francesa, com um viés para o público lbgtqia+, mas também com um catálogo de raridades e vintage. O selo tem vários títulos da era do tropicalismo, especialmente de Caetano Veloso. Num comentário sobre o álbum de estreia dos Mutantes, de 1968, lê-se, depois de elogios, a pergunta: “O quê este pessoal colocava na água que bebiam?”.
Faço a mesma pergunta ao autor do texto sobre Caetano Veloso, o disco que o baiano lançou em 1969, o seu álbum branco. O LP é chamado de Irene. O escriba rotula Caetano de cantor de protesto, e comenta que não e de estranhar que com obras assim ele tenha acabado um exilado político na Inglaterra. Ora, quando o LP álbum branco (com sua assinatura na capa) foi lançado Caetano Veloso acabara de sair da cadeia, quando foi lançado já se encontrava em Londres.
Pior é o que sobre a faixa Irene, nome da irmã mais nova do cantor, se lê que a música tem como tema um fora da lei que andava com uma metralhadora, e era admirado pela esquerda. O cara ouviu o galo cantar e não sabe onde foi. Certamente este tal da metralhadora é Carlos Marighela. No final da música Alfômega, que fecha o disco, de repente, irrompe a voz de Gilberto Gil, anárquica, gritando algo que soa como Marighela.
Gil (autor desta faixa) sempre negou que fosse o nome do guerrilheiro, mas soa como fosse. O que seria uma temeridade, afinal o álbum foi gravado logo depois que ele e Caetano foram libertados pelos militares em 1969. Carlos Marighela morreria em novembro daquele ano, quando os dois baianos estavam em Londres.
Caetano Veloso foi lançado pela Lilllith Records em vinil colorido.
Uma música não radiofônica por excelência,inclusive pela longa duração.
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