Banda Eddie vai ao fundo do baú e lança disco com demos gravadas entre 1989 e 1996

Pelo túnel do tempo aterrissei numa zona difusa, entre final dos anos 80, começo dos 90. O pop/rock mudava rapidamente. As novidades estavam nas lojas de Carlinhos Freitas, a Discossauro, ou na de Paulo André, Rock Xpress. Ali músicos, curtidores de música, jornalistas se encontravam. Conheci Fabinho Trummer na Discossauro, na 7 de Setembro. Foi um point de se jogar conversa sobre música fora, e saber das novidades. Nevermind, da Nirvana, comprei lá, antes de receber o LP da gravadora. Pipocaram lojas alternativas pelo Centro do Recife. Não sei se recebi, ou comprei as fitas demo da Eddie. Sei que ainda hoje tenho umas três. Até uma camiseta, esburacada da banda, na qual está estampada uma senhora mosca.

O introito pra comentar o disco Demos – 1989 – 1996, que reúne gravações demo pinçadas desses cassetes de que falei, e disponibilizados nos aplicativos de música para stream, dia 23 de setembro, sexta-feira. A Eddie ainda não praticava o “original Olinda Style” tal como o conhecemos. Soava pesada, meio Buzzcocks, meio The Clash, às vezes meio pós-punk, mas era bem pernambucana. Não por acaso, o pernambucaníssimo hit Quando A Maré Encher abre esta compilação numa levada com alta octanagem.

É rock na veia, como rolava pelos palcos do Recife e Olinda naquelas eras: “É um pré-mangue punk. A procura da nossa identidade e em busca de originalidade. São fitas demos de gravações em estúdio, 4, 8, 16 canais e algumas ao vivo. Versões diferentes da mesma música, as nossas experiências com as novidades da época, a música era uma vontade de virar profissão ainda”, comenta Fábio Trummer, vocalista, compositor e guitarrista da Eddie, uma banda que é a mais perfeita tradução da Marim dos Caetés, que consegue o feito de ser cult e popular ao mesmo tempo.

Buraco de Bala, de Sonic Mambo, álbum de estreia, de 1998, aparece aqui em duas versões (como também acontece em Sonic Mambo), enquanto Urubu Guabiru, Cachorro e Gente, de Original Olinda Styles tem três versões demo. Metropolitano, As Flores e As Cores, As Lombrigas e os Vermes, e Probabilidade também estão entre as versões demo. As quatro são do álbum Metropolitano, de 2006.

Quem não estava no planeta na época em que o disco era objeto incerto de desejo da Eddie, ou quando a banda foi agregada naturalmente ao manguebeat, Demos – 1989- 1996 vai dar uma ideia como o grupo soava naqueles tempos. Quem já estava, vai recordar como foi. Disponível no Spotfy e congêneres.