Certo dia, lá pelo início deste século, uma amiga do cantor e apresentador de TV China, ou Chinaina, sugeriu que ele montasse uma banda pra tocar no aniversário dela. Ele disse que tinha já essa banda, sem ter. Na época, ainda morando no Recife, China convivia diariamente com os integrantes da Mombojó, e comentou com a turma sobre a tal banda. Os caras da Mombojó toparam em formar o grupo, sem saber exatamente qual seria o repertório. Escutavam discos, e rolou um de Roberto Carlos. Pronto. Tocariam música do Rei. O nome da banda? Del Rey, ou seja, “Do Rei”, mas também um automóvel que saiu de linha há anos.
O grupo foi muito além da festinha de aniversário. Completou 18 anos, e festeja agora seu próprio aniversário no Teatro Parque, nesse sábado, dia 8 de outubro às 20h30. De São Paulo, onde mora, China concedeu entrevista ao telestoques.com, sobre a já longe carreira da Del Rey, um papo bem humorado, como igualmente bem humorada é a banda.
Telestoques – A Del Rey completa 18 anos, ma deu alguma parada, ou continua fazendo shows desde então?
China – A gente nunca parou e o mais legal desses 18 anos é que já tocamos em tudo o que é lugar, de casas de shows a teatros, passando por casamentos, festa de aniversário, formaturas e festas de empresas. É divertido olhar essa linha do tempo e perceber como é diverso o público que acompanha a banda.
Telestoques – No começo o grupo era meio greia, desmitificava a música de Roberto, demasiadamente levada a sério. E agora, quase vinte anos depois, continua sendo assim, ou estão reinterpretando o rei de outra maneira?
China – Continua do mesmo jeito. A Del Rey começou como uma brincadeira, mas que fez tanto sucesso que foi levada um pouco mais a sério, mas sem o peso das nossas carreiras autorais. Com a demanda de shows a gente teve que organizar as agendas para encaixar a Del Rey e os trabalhos autorais em harmonia, um nunca sobrepõe o outro. Eu e os meninos do Mombojó somos grandes parceiros e quando estamos no palco com a banda isso é uma grande celebração da nossa brodagem. Tem uma frase de Chico Science que sintetiza bem o que é a Del Rey… “é diversão levada a sério”.
telestoques – Roberto Carlos, salvo engano, tomou conhecimento da existência da Del Rey, qual a reação dele? Bem eu poderia ter convidado vocês para o especial da TV Globo
China – Vários amigos em comum já falaram para ele sobre a banda. Além disso, já fizemos apresentações com Wanderléa, Erasmo, Fafá de Belém, e até mesmo os advogados de Roberto já curtiram nossos shows, mas até hoje ele não disse nada sobre a banda. Seria uma grande honra participar do especial de fim de ano. Imagina, dividir o palco com Roberto Carlos? Ia ser demais, esse encontro só depende dele. A gente tá pronto e com um longo repertório pra ele escolher o que quer cantar com a gente.
telestoques – Qual o mais rentável, o projeto paralelo Del Rey, ou carreiras regulares de vocês?
China – Sem dúvida a Del Rey é bem mais rentável do que nossas carreiras autorais, exatamente porque o espectro de público que atingimos é muito maior por tocarmos em vários tipos de eventos. Mas usamos a grana que ganhamos na Del Rey para investir nas nossas carreiras autorais. Roberto e Erasmo já bancaram muitos discos nossos.
telestoques – Quem é o publico da Del Rey? Acham que a nova geração estará no teatro ou só a turma que viu os primeiros shows da Del Rey?
China – É tão variado o público da banda que nem consigo te dizer exatamente. As vezes tocamos a uma da manhã em locais que, normalmente vão os mais jovens, e olho pra plateia e tão lá senhorinhas que amam a banda e vão em todos os shows. Ao mesmo tempo, no teatro também vai um público jovem que quer ver a banda num outro tipo de apresentação.
O que sempre escuto da galera da nossa idade é: Preciso levar meus pais e avós para assistir vocês.
E por isso escolhemos o teatro do parque pra comemorar nossos 18 anos. Pra quem é mais velho e não quer ir numa casa de shows até de madrugada, e também pros jovens que curtem nosso trabalho poderem levar a família. Fazemos muitas apresentações em teatros e é muito legal ver esse encontro de gerações na plateia. Esperamos que no Teatro do Parque seja assim.
telestoques – e o repertório? Varia de acordo com quê. Vocês preferem os clássicos ou incluem canções dessa interminável fase de baladões à italiana de RC?
China – Não existe um critério. Acho que num geral gostamos de toda obra construída por Roberto e Erasmo, da jovem guarda aos baladões, mas incluímos canções de outros artistas da jovem guarda, pois o público pedia sempre. Então pra esse show teremos desde as clássicas de Roberto e Erasmo até sucessos como Diana, A Raposa e as Uvas, Coração de Papel, entre outras.
telestoques – A Del Rey gravou? Ou pensa em gravar Roberto?
China – A gente nunca tinha pensado nisso antes, fazer shows tava bom demais, mas durante a pandemia começamos a alimentar essa ideia de gravar algumas canções, até pra ter um registro da história da banda. Viemos aqui pro meu sítio e gravamos. Agora o disco tá em fase de mixagem.
telestoques – Qual a formação atual da banda?
China – Eu, Felipe S. Chiquinho, Marcelo e Vicente Machado. Só não temos mais O Rafa, que faleceu precocemente anos atrás e foi uma grande perda pra gente.Nesse show teremos as participações de Cannibal, Louise e Dengue, que são amigos muito queridos e tinham que tá nessa festa.
(foto: José de Holanda)
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