Eliane Elias em Quietude recria pérolas de várias épocas da música popular brasileira

Não sei se por provincianismo, desconhecimento de música popular, ou simplesmente pra garantir likes, blogueiros, colunistas   só faltam cantar o hino nacional quando Anitta, ou pop star afim, é indicada pra alguma premiação lá fora  Agora mesmo li num blog que Anitta está indicada a 13 categorias no Grammy. Não está. São sugestões da gravadora da cantora. Qualquer artista pode ser indicado por qualquer gravadora. Até Tiririca. O que realmente interessa são os indicados pela comissão oficial do prêmio. Ela assinala quem vai pro trono ou não vai.
Além do mais, brasileiros ganhando prêmios importantes nos EUA há vários (como já houve muitos). Como por exemplo, a paulista Eliane Elias, que está por lá há 40 anos. Eliane ganhou dois Grammy (um deles em 2022), e foi indicada onze vezes, em cinco categorias. Tem 31 discos, e vendeu 2, 5 milhões de cópias. A canção Little Paradise, de 2017, ostenta 27 milhões de plays no Spotfy. Já gravou e fez shows com alguns dos mais importantes nomes do jazz e da música popular americana em geral. Ela sempre está na lista de melhores do ano da Billboard, sem aparecer na mídia de futilidades.
Claro, a maioria dos que editam sites, blogs e colunas de abobrinhas não sabe quem é Eliane Elias. Pra quem sabe, lembro que ela lançou disco novo nessa sexta, 14 de outubro, Quietude, o título. Uma das faixas, Só Tinha Que Ser Com Você, de Tom Jobim, foi gravada com o violonista e maestro Oscar Castro-Neves, em 2013, e permanecia inédita. Castro Neves, um dos grandes da bossa nova, faleceu no mesmo ano da gravação com Eliane Elias. Pra quem não sabe, ele foi mais um brasileiro extremamente bem sucedido nos Estados Unidos. Gravou, produziu e fez arranjos pra uma miríade de estrelas da música americana, além de trilhas pra filmes famosos. 

A cantora, e pianista, paulistana está além de tendências e modismos. Segue uma tradição do jazz de que não há música velha, até porque se idade contasse tanto, não se curtiam mais Bach ou Beethoven. Em Quietude, Eliane Elias enfatiza mais a voz do que o piano, no qual é virtuosa. Selecionou um repertório que traz Marina (Dorival Caymmi), Você e Eu (de Carlos Lyra), Brigas Nunca Mais (Tom e Vinicius), Bahia com H (Denis Brean), ou Bolinha de Papel (Geraldo Pereira).

Eliane Elias dá um banho de interpretação, destila emoção, como o faz em Saveiros (Nelson Motta/Dori Caymmi), ou é lúdica, como pede Bolinha de Papel, em que brinca com a voz, fazendo firulas com o fraseado. Quietude é cantado em português (com os títulos das canções traduzidos para o inglês). Neste caso o idioma não atrapalha. Eliane Elias já tem seu lugar há muito tempo demarcado no cenário musical americano. Com ela toca um time de craques: Marcus Teixeira, Lula Galvâo Marc Johnson, Celso de Almeida, Paulo Braga, Emílio Martins (além do citado Oscar Castro-Neves).

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