Erasmo Carlos: “Beatles não me influenciou. Surgimos na mesma época, tivemos as mesmas influências, Elvis, Gene Vincent e outros

Ao longo dos anos entrevistei Erasmo Carlos várias vezes, geralmente quando lançava disco. Reli algumas dessas entrevistas, e pincei tópicos que achei interessantes. Ao contrário do amigo de fé, irmão, camarada, Erasmo até o ultimo álbum, concedia entrevistas, e por telefone, não por e-mail como virou quase regra entre artistas consagrados.

ROBERTO CARLOS

“Graça a Deus somos bem diferentes. Sou carioca, ele é capixaba. A única coisa que temos em comum é que ele é vascaíno e eu também. Mas o restante, é bom que seja diferente senão ficaria tudo igual. Eu cantava as mesmas coisas dele, ele cantava as mesmas coisas minhas, ficaria chato, cada um deve ser de um jeito”.

JOVEM GUARDA

Não gosto de viver no passado. A Jovem Guarda foi uma coisa linda, mas está lá atrás. É feito virgindade, acabou, não tem mais volta”.

MÚSICA

“Ouço tudo, muita coisa para estar informado do que está acontecendo. Quando quero curtir música ouço meus discos antigos. Não os que gravei, fique entendido, discos dos caras que influenciaram, que curti, e João Gilberto está sempre entre eles. Agora, não sou daqueles de ficar achando que no meu tempo era melhor. Pelo contrário, até um certo ponto a música desta nova geração é muito bem feita, há maior variedade, letras mais elaboradas, é uma geração mais escolarizada, ao contrário da minha. Na qualidade técnica então! Hoje em dia qualquer menino grava um disco no computador do quarto”.

INFLUENCIAS

“Meu instrumento é o violão, não tenho técnica para tocar guitarra, roqueiro brasileiro é diferente. Enquanto eles lá fora se baseiam em alguns elementos, aqui a gente sofreu um monte de influências. Como compositor, por exemplo, tenho três segmentos, o romântico, o roqueiro e autor de MPB.

BEATLES

Beatles não me influenciou. Somos contemporâneos, tivemos as mesmas influências, de Elvis, Gene Vincent, eu de João Gilberto, surgimos na mesma época.

MARIA JOANA

“Aquela coisa da contracultura nos anos 60 gerou muitos modismos, como o da maconha. Mas esta música veio de uma viagem que fizemos a Israel pra fazer o Diamante Cor de Rosa. Numa boate, havia um conjunto que tocava uma música que tinha um refrão que citava marijuana. Fiquei pensando naquilo, e na volta o Brasil fiz Maria Joana. A censura implicou, eu aleguei que tinha feito para uma filha de Nelson Motta, que se se chamava assim. Eles disseram que a menina chamava-se apenas Joana” (…) Acho um absurdo se prender alguém por causa de um baseado. Em outros países foi liberado e não se tornou nenhum bicho de sete cabeças. Claro que precisa ver o lado da cultura do país, ser bem estudado como será feita a liberação. Mas para uso pessoal sou a favor”.

BOM HUMOR

“No começo da Jovem Guarda morei com Jorge Ben durante dois anos. Um dia peguei a maior gonorréia. Naquele tempo, bicho, era uma vergonha chegar na farmácia e dizer que tinha a doença. Então fui num farmacêutico perto do prédio em que gente morava, disse que o remédio era para um amigo. Ora, o cara concluiu logo que só podia ser Jorge Ben. Então sempre que Jorge passava, o farmacêutico perguntava se ele estava melhor. ‘Olha, se não ficou bom, volte aqui que passo uma coisa mais forte’. Jorge ficava sem entender do que o cara estava falando”.

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