A versão oficial da morte de Jim Morrison, vocalista de The Doors: um ataque cardíaco, numa banheira, de um apartamento em Paris. Gordo, mas não obeso, barba longa, provavelmente alcóolatra, Morrison, com processo correndo na justiça da Flórida, por ter exposto o pênis durante uma apresentação, em 1969. A saída foi Paris. Além de cidade onde viveu dos poetas que admirava, Rimbaud, um deles, a França não tinha tratado de extradição com os Estados Unidos. Assim, se fosse condenado, ele estaria seguro.
Paris blues é o título de uma canção inédita de The Doors, lançada dias atrás. Segundo os sobreviventes do grupo é a última que resta de gravações da banda em estúdio. Paris Blues foi registrada entre 1968 e 1970, os remanescentes da banda, Robby Krieger e John Densmore, não se lembra se para os álbuns Soft Parade ou L.A Woman. A gravação do estúdio se perdeu. A única cópia da música estava com o tecladista Ray Manzarek, porém o filho dele, ainda criança, gravou a própria voz por cima, felizmente em trechos curtos. As atuais possibilidades tecnológicas permitiram a recuperação do áudio.
Paris blues é um blues tradicional, não é das mais inspiradas composições de Morrison, ou dos companheiros de grupo, mas a interpretação é muito boa, assim como a guitarra de Krieger. Paris Blues é, como se dizia quando foi feita, a música de trabalho do álbum homônimo, lançado em edição limitada para o Record Store Day (O Dia da Loja de Disco, um evento que já se tornou tradicional nos EUA, que acontece, desde 2007, em abril, e na Black Friday).
Paris, o álbum, tem repertório centrado no blues, e mais dois atrativos para os fãs de The Doors, duas canções ao vivo, com Jim Morrison e Robby Krieger, registro de uma apresentação realizada, pelos dois, em maio de 1969, num evento para arrecadar dinheiro para a campanha do escritor Norman Mailer à prefeitura de Nova Iorque. As músicas: I Will Never Be Untrue, sobra do álbum Morrison Hotel, e Me and the Devil Blues, de Robert Johnson;

THE END
“O fim. Jim, sozinho, não em uma banheira, mas no sanitário, a cabeça curvada, as calças arreadas até os joelhos, encontrado, assim como, Elvis, seu ídolo, dali a seis anos. Os braços pendurados, o cérebro frito. Parou de funcionar antes mesmo que derrubassem a porta para tirar Jim dali. Overdose de heroína. A “China white”, “Chine Blanche”. Da boa, quase pura. Havia em fartura em Paris naquele verão. Jim sozinho, mais uma vez, embora cercado de amigos”
Início do livro Love Becomes a Funeral Pyre – A Biography of The Doors, de Mick Wall (Chicago Review Press, 2014), que revisa a versão até então romantizada, da morte de Jim Morrison, um mito pop dos anos 60. Empregados do Rock and Roll Circus, bar que costumava frequentar, para evitar as inevitáveis publicidade e a polícia, trataram de se livrar o corpo de Morrison. Foi carregado, com dificuldade, pela porta dos fundos, jogado no banco de trás de uma Mercedes Benz, e levado para o apartamento, no bairro de Marrais, onde Jim e a namorada Pamela moravam, no terceiro andar de um pequeno prédio, na rua Beautreillis.
Pamela estava em casa, chapada de heroína quando os dois franceses chegaram com o corpo do namorado. Não era a primeira vez que o traziam assim desfalecido de excessos, álcool e drogas. Mas quando o arrastaram ao banheiro, o despiram, encheram a banheira de água e o colocaram dentro, foi que Pamela viu que Jim estava morto. Entrou em pânico, chorou e gritou. Talvez tenha acordado vizinhos. Era três da manhã.
Jim Morrison foi sepultado no cemitério Pére la Chaise, em meio a túmulos de alguns dos poetas e escritores que o influenciaram. Pamela Courson morreria em 1974, também de overdose de heroína. Assim como Jim, morreu com 27 anos. Completariam, ambos, 28 anos em dezembro.
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