John Fogerty readquire os direitos sobre sua milionária obra depois de uma batalha judicial que durou meio século

Dor de cabeça para compositores? Editoras musicais. Isto de se atar uma composição a uma editora vem dos tempos em que o autor vivia do percentual que arrecadava da venda de partituras de sua música. As editoras cuidavam disso, imprimiam, distribuíam por lojas que lidavam com instrumentos e partituras. Geralmente, um pianista conhecida executava as composições para atrair consumidores.

Veio a era do disco, e as editoras tomaram conta do pedaço. Passaram a autorizar a gravação das músicas, mediante grana claro. Surgiram também as sociedades arrecadadoras. Nessa brincadeira, os autores, sobretudo os menos letrados, que pouco sabiam dos meandros percorrido por sua criações eram os que menos faturavam com suas próprias obras. Nem só estes.

Garota de Ipanema, uma das canções mais regravadas do século 20, deu pouco dinheiro a Tom e Vinicius, a partir de 1965, quando estourou nos EUA, como The Girl from Ipanema. Primeiro nos States, depois no mundo. Quem faturou pra valer com a garota dos dois cariocas foi o americano Norman Gimbel, que escreveu a letra em inglês. Tom chegou a dizer que assinaram o contrato com a editora, sem ler direito, porque não dominavam o inglês. Vinicius dominava, e muito. Foi do serviço diplomático brasileiro em Los Angeles. A falha esteve no “deixa que eu chuto”, cacoete nacional.

Mas os americanos não engabelam só cucarachas não.

O música californiano Tom Fogerty, líder do Creedence Clearwater Revival, uma das bandas mais bem comercialmente sucedidas do final dos anos 60, ao início dos 70 planeta afora, também caiu numa arapuca. Assim como caíram os Rolling Stones, cujo ladino empresário adquiriu os direitos de todas as canções Mick e Keith lançaram pela Decca Records. 

Quando o Creedence Clearwater Revival assinou com a Fantasy, as canções de John Fogerty passaram a ser controladas pela mesma companhia, comprada por Saul Zaentz, que controlou a obra do artista até esta semana. Nessa terça-feira, John Fogerty anunciou que tinha readquirido toda sua obra, ao se tornar sócio majoritário da Concord, empresa que lida com várias facetas do ramo da música, incluindo uma editora.

Nos anos 80, o imbróglio entre Fogerty e Zaentz beirou o surreal. O empresário processou o músico de autoplágio, alegando que a canção Old Man Down the Road, de um álbum solo de 1985, era plágio de Run Through the Jungle, de 1970. John Fogerty chegou a levar guitarra e amplificador para tocar diante do juiz, e comprovar que não tinha plagiado ele mesmo. Ganhou a causa.

Agora, 50 anos depois (está com 75 anos) ele é novamente dono de suas composições, que renderam milhões para a Fantasy. A Citada Run Through the Jungle, Who’ll Stop the Rain, Up Around the Bend, Bad Moon Rising, Lodi, Proud Mary, a lista de hits escritos por John Fogerty para o Creedence Clearwater Revival é longa, e continuam rendendo uma fortuna.  Além de tocar bem no rádio, ser regravada, entre os compositores do rock clássico, Fogerty é um dos que mais têm canções utilizadas em trilhas sonoras.

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