É Frevo Meu Bem: Meu Bom Amigo Capiba, com Paulo Molin, o menino prodígio apadrinhado por Nelson Ferreira

Sua Majestade, o Cartaz era um dos quadros do programa Noite de Black-Tie, apresentado por Luiz Geraldo, uma das maiores audiência da TV Jornal do Commercio, nos anos 60. Numa edição, de novembro de 1962, o artista focado foi o cantor Paulo Molin. O quadro era do tipo “Esta é Sua Vida”, no qual o artista permanece na berlinda, enquanto sua biografia é desfiada, com toques de dramaticidade, e que, na maioria das vezes, o leva às lágrimas. Paulo Molin não foi exceção. Chorou. Estava então com 24 anos, e 16 anos de carreira. Uma biografia de Paulo Molin, que fez sucesso estrondoso no Recife ainda criança está no final desta matéria, que traz o disco da coluna dominical É Frevo, Meu Bem, o título: Meu Bom Amigo Capiba (Phillips, 1963)

Este LP de Paulo Molin não é exatamente carnavalesco. Aliás, de carnaval, só Capiba, 12 faixas, mais conhecido como autror de frevos canção. Molin tornou-se, ainda criança um intérprete admirado pelo próprio Capiba. Aos 12 anos anos, em 1950, o garoto lançou a antológica trilogia composta por Capiba de louvações ao Recife, Olinda e Igarassu: Recife Cidade Lendária, Olinda Cidade Eterna e Igarassu Cidade do Passado.

Neste álbum, as três canções foram regravadas, com Maria Bethânia, Cais do Porto, a pouquíssimo conhecida Praia da Boa Viagem, que formam o lado A do LP. No B, Paulo Moulin canta parte do repertório do álbum Sambas de Capiba, lançado pela Mocambo/Rozenblit, em 1960, com Claudionor Germano: A Mesma Rosa Amarela, Que Foi Que Eu Fiz, Claro Amor, Pobre Canção, e Não Quero Amizade com Você (estas em parceria com o poeta Carlos Penna Filho), e Depois (Thalma de Freitas). Ressaltando que Não Quero Amizade com Você até então continuava inédita.

Paulo Molin é acompanhado por Carlos Piper e sua Orquestra. Curiosamente, em Surpressa (1960), seu primeiro LP, pela Mocambo/Rozenblit, Paulo Molin canta apenas uma composição de Capiba, Serenata Suburbana. Pelo que me consta Meu Bom Amigo Capiba não teve lançamento em CD, tampouco está disponível no Spotfy. Já o Surpresa pode ser escutado em streaming nas plataformas de música digital.

 MENINO PRODÍGIO

Começou a cantar em público criança, na escola. Aos oito anos já se apresentava no movimentado Jet Club da Boa Vista, no qual o seu pai era presidente. Destacou-se em programa de calouros na Rádio Clube de Pernambuco, pela qual seria contratado em 1947, quando estava com nove anos apadrinhado pelo maestro Nelson Ferreira. Em pouco tempo era um fenômeno de popularidade no estado. Em 1949 seu nome tinha extrapolado as divisas de Pernambuco, a ponto de ele ser convidado para participar de um filme, Estou Ai, dirigido por Cajado Filho, uma comédia musical.

Em 1950, Paulo Molin foi contratado pela Rádio Jornal do Commercio, onde manteve um programa diário até o ano seguinte, quando foi contratado pela Rádio Nacional. Já era tão conhecido que estreou em disco, ainda em Pernambuco. Gravou pela Continental um 78 rotações com duas canções inéditas, e futuros clássicos de de Capiba, Olinda Cidade Eterna e Recife Cidade Lendária. No disco seguinte gravou Igarassu Cidade do Passado, com A Chama na outra face (parceria de Capiba com Ascenso Ferreira). Segundo site do Instituto Memória Musical Brasileira, primeiro disco de Paulo Molin foi dividido com a cantora Patrícia Palma, e tem selo Realejo.

Adulto, Paulo Molin nunca alcançou o mesmo sucesso que desfrutou até a adolescência. Mudou-se do Rio para São Paulo e de lá para Guaxupé, no interior de Minas Gerais, onde continuou cantando e atuando como jornalista. Molin morreu em 2004,aos 66 anos.