David Crosby (1941/2023) levou a vida equilibrando-se sobre o fio da navalha

Na sua autobiografia, Wild Life – A Rock and Roll Life (2013, Peguin), o músico inglês Graham Nash cita, em quase todas as páginas o músico, cantor e compositor americano David Crosby (o bigodudod da foto), falecido nesta quarta-feira 19 de janeiro. A partir de 1968, quando Nash deixou o grupo The Hollies, e trocou Londres por Los Angeles, David Crosby entrou em sua vida, tanto como amigo, quanto como companheiro no grupo Crosby, Stills, Nash (com ou sem Neil Young), ou na dupla Crosby & Nash.  Uma convivência tocada aos trancos e barrancos. Nash lançou antológicos discos com Crosby.

A medida que adentram os anos 70, mais a voracidade de David Crosby por drogas e a capacidade de provocar confusão era igualada por poucos dos seus pares na alta ou baixa esfera do rock daquela década. Um dos relatos de treta de David Crosby contado por Graham Nash, em meados dos anos 70, quando ele, Stephen Stills e David Crosby iam fazer uma apresentação numa manifestação contra armas nucleares:

“David estava extremamente atrasado para o show. Ficamos esperando, já ensaiados. Incapaz de entrar em contato com ele, imaginando o que poderia ter acontecido, pensei: ‘Mais uma merda de David’. Stephen e eu rapidamente nos ajustamos às circunstâncias. A gente poderia segurar uma plateia por uma hora, só nós dois, sem problemas. Nos olhamos, dissemos ok e entramos com Southern Cross, em duas vozes. Se Croz aparecesse ótimo. Se não, a gente daria ao pessoa o que eles vieram ver.

Até ali, nenhum de nós sabia que David tinha sido preso no caminho. Mas quando você tenta enrolar um baseado, e dar uma baforada num cachimbo a 110 quilômetros por hora é complicado. Meteu o carro numa mureta na via expressa de San Diego. Por sorte escapou com vida mais uma vez. A coisa piorou quando um policial entrou em cena. Ele viu no assoalho a bolsa de Croz com parte de uma 45 aparecendo, e também equipamento para montar um laboratório que David pra fumar freebase (n- feita com pasta base de cocaína. Assemelha-se ao crack, e foi muito usada nos anos 70). Então ele foi preso e levado pra delegacia de Orange County, onde foi acusado pelo acidente, posse de drogas, e carregar uma arma sem licença.

Felizmente ele encarou um juiz que deslumbrou-se ao reconhecê-lo, e o acusou apenas de dirigir com negligência, e o livrou dos outros crimes, e o mandou entrar num programa de rehab.

Mas não tem jeito pra drogonauta. Duas semanas depois do acidente, Croz estava fazendo uns shows solo numa espelunca em Dallas, o que é comum quando se precisa de grana pra comprar drogas. Havia uma cortina quase transparente que dividia o salão principal do camarim, onde ele fumava freebase, com a arma na cintura. Não demorou em aparecer um policial. Quando se vive no fio da navalha como ele, tem que esperar que merdas aconteçam. E David foi preso novamente. Só que no Texas, posse d drogas e de armas são crimes graves que, mais à frente, viriam pra cima dele”.

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