Frevo, meu bem – Frevo ao Vivo, uma pioneira ação de salvaguarda da música que nenhuma outra terra tem

O disco deste domingo é histórico, Frevo ao Vivo, um projeto da gravadora Marcus Pereira, planejado e produzido pelo Quinteto Violado. Gravação ao vivo no Teatro de Santa Isabel, reunindo desde composições clássicas, Último Dia, de Levino Ferreira, a Solavanco, um frevo canção moderno da banda Limusine 99. Uma foto panorâmica do frevo num momento crítico. Uma ação pioneira na tentativa de salvaguarda do gênero.

“Os maracatus e clubes populares de frevo entravam em decadência. Vários deles já tocaram a marcha regresso definitiva, debandando seus cordões cansados de guerra arriando seus estandartes em sinal de rendição. Enquanto isso, foliões endinheirados da classe média (sempre essa gente fatal), motivados pelos programas de TV transmitidos diretamente da Guanabara, dedicavam-se à criação de escolas de samba, tão suntuosas, quanto inautênticas. O Recife, em dias de carnaval, parecia um subúrbio do Rio de Janeiro.

Aí o Quinteto Violado deflagrou a resistência contra esse processo de satelitização cultural via Embratel. A guerra da restauração durou vários meses, contou com o apoio da imprensa, e da Rede Globo. E foi vitoriosa. Teve o seu Guararapes no Teatro de Santa Isabel, em 5 de janeiro de 1974. Marcus Pereira estava lá, gravando este histórico LP, que é o documento ao vivo de uma grande vitória da cultura popular”, trecho do texto da contracapa, assinado por Aluízio Falcão, o pernambucano, que estava por trás dos projetos da Marcus Pereira.

Nessa época gravava-se muito frevo mas, paradoxalmente, tocava-se pouco frevo. Com a Rozenblit entrando numa crise braba, seu estúdio e fábrica de discos nunca trabalharam tanto, porém para gravar discos independentes, ou como então se dizia, “particulares”. A maioria em compactos que poucos compravam, e menos ainda escutavam.

O Quinteto Violado reuniu a cantora Zélia Barbosa, os cantor Gildo Moreno e Ray Miranda, o Coral do Batutas de São José, o Cordas Vocais, a Orquestra de Frevo do Recife, e a citada Limusine 99. Os frevos foram arranjados pelos maestros Duda, Ademir Araújo e José Menezes, e Toinho Alves, do Quinteto Violado. O resultado foi um disco que rejuvenesce o frevo, imprime-lhe um dinamismo que sumira pelo apego à tradição, de uma música que Caetano Veloso soube tão tornar contemporânea, pop e bem sucedida.

REPERTÓRIO

1. Intérprete(s): Orquestra de Frevos do Recife

    “Abertura”

    Zé Pereira

    (Tradicional)

    Vassourinhas

    (Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas)

2. Último Dia

    (Levino Ferreira)

    Intérprete(s): Orquestra de Frevos do Recife

3. Frevança

    (Deda)

    Intérprete(s): Cordas Vocais

4. História de Um Diabo Que Roubou Uma Nega e Perdeu Pra Força do Rei Nagô

    (Os Oliveiras)

    Intérprete(s): Ray Miranda

5. Freio a Óleo

    (José Menezes)

    Intérprete(s): Orquestra de Frevos do Recife

6. Reminiscência II

    (João Santiago)

    Intérprete(s): Coro de Batutas de São José

7. Pitombeiras

    (Tradicional)

    Intérprete(s): Ray Miranda

8. Pinga Fogo

    (Fernando Filizola)

    Intérprete(s): Zélia Barbosa

9. Solavanco

    (Limusine 99)

    Intérprete(s): Limusine 99

10. Intérprete(s): Gildo Moreno

    Casá Casá

    (Nelson Ferreira)

    Come Dorme

    (Nelson Ferreira)

    Cobrinha no Gramado

    (Sebastião Rozendo)

11. Duda no Frevo

    (Senô)

    Intérprete(s): Orquestra de Frevos do Recife

12. Rei de Angola

    (Ademir / Zé Amaro)

    Intérprete(s): Ray Miranda

13. Frevo ao Vivo

    (Toinho Alves / Marcelo)

    Intérprete(s): Cordas Vocais

14. Relembrando o Norte

    (Severino Araújo)

    Intérprete(s): Orquestra de Frevos do Recife

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