Waldir Azevedo, que completaria cem anos hoje, ganha tributo impecável de grupo formado por Déo Rian

Waldir Azevedo, mestre do cavaquinho, e que dominava bem o violão, completaria nesta sexta-feira, 27 de janeiro, cem anos. Para celebrar a efeméride, Déo Rian, mestre do bandolim, arregimentou um escrete de ouro do choro, Valmar de Amorim, Marcio de Almeida (cavaquinho solo), Bruno Rian (bandolim), André Bellieny (violão 7 cordas) e Darly Guimarães (pandeiro), com o qual gravou o álbum Waldir Azevedo – O Mestre do Cavaquinho, que aterrissa hoje nas plataformas de streaming, com selo da Biscoito Fino.

O grupo, batizado de Banda Tributo, interpreta pérolas pinçadas da obra de Waldir Azevedo, músico que conseguia unir sofisticação com acessibilidade de maneira impressionante, sobretudo pela melodias inventivas e assoviáveis. Gravou perto de 200 músicas, mas bastaria uma trinca delas para que ganhasse a imortalidade na MPB: Brasileirinho, Delicado e Pedacinho do Céu. O primeiro, um dos choros mais regravados da história do gênero (tanto instrumental quanto cantado, com letra de Pereira Costa), e que tem uma origem prosaica.

Numa reunião família, lá pelo fim de 1949, um primo da mulher de Waldir trouxe pra casa dele um cavaquinho barato, que foi deixado com duas filhas do músico, que brincaram com ele, até deixar o instrumento com apenas uma corda. O pessoal insistia que Waldir Azevedo tocasse alguma coisa nesse alquebrado cavaquinho. Ele tocou e criou em minutos a primeira parte de Brasileirinho numa corda única. Dias mais tarde, foi fazer uma apresentação numa emissora de rádio e improvisou, na hora, a segunda parte de sua composição mais conhecida.

Quando Jacob do Bandolim trocou a gravadora Continental pela RCA Victor, Waldir Azevedo ocupou seu lugar, e estreou com um 78 rotações, que trazia Brasileirinho, no lado A, e Carioquinha, no B. Um sucesso estrondoso, que suscitou uma certa ciumeira de gente já veterana na música carioca. Um desses foi Almirante, que chegou a afirmar que, por ele, Brasileirinho não tocaria nas emissoras do Rio porque ser muito americanizado. Enquanto Jacob do Bandolim dizia que Waldir Azevedo seria responsável pela decadência do choro.

Waldir Azevedo respondeu com Delicado, um baião, que fez muito sucesso no Brasil, e se tornou uma das músicas brasileiras mais executadas no exterior até os tempos atuais.

DISCO

Waldir Azevedo – Mestre do Cavaquinho, com estes cobras, não poderia dar em outra coisa: um disco impecável. Déo Rian tem uma carreira de 60 anos, foi amigo de Jacob do Bandolim, e é tido por quase todos especialistas como seu sucessor. Os demais músicos têm currículos extensos de serviços prestados à nossa música. O repertório é igualmente excelente. Cada um coloca sua assinatura sonora na música de Waldir Azevedo, nestas reinterpretações, que se aproximam das originais com diferenças sutis. A introdução de Delicado é um pouco mais lenta do que a de Waldir Azevedo, que imprime uma velocidade de Paganini na gravação feita em finais de 1950 (a música foi um dos maiores sucessos do país em 1951).

Waldir Azevedo, que morreu com apenas 57 anos, não poderia receber homenagem mais apropriada neste seu centenário.

Repertório Waldir Azevedo O mestre do cavaquinho

1-Brasileirinho (Waldir Azevedo)

2- Cinema Mudo (Waldir Azevedo/Klecius Caldas)

3- Vê se gostas (Waldir Azevedo/Octaviano Pitanga)

4- Pedacinhos do Céu (Waldir Azevedo)

5- Não há de ser nada (Waldir Azevedo)

6- Delicado (Waldir Azevedo)

7- Contraste (Waldir Azevedo/Hamilton Costa)

8- Quitandinha (Waldir Azevedo/Salvador Miceli)

9- Minhas mãos, meu cavaquinho (Waldir Azevedo)

10- Chiquita (Waldir Azevedo)

11- Sobe e Desce (Waldir Azevedo)

12- Sentido (Waldir Azevedo)

13- Frevo da Lira ((Waldir Azevedo/ Luiz Lira)

14- Flor do Cerrado (Waldir Azevedo)

15- Cavaquinho Seresteiro (Waldir Azevedo)

16- Camundongo (Waldir Azevedo)

17- Você, carinho e amor (Waldir Azevedo)

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