Dia do Frevo: os primórdios da música e da dança contados pelo maestro Zuzinha e outras testemunhas oculares da história

Neste 9 de fevereiro, Dia do Frevo, em Pernambuco, relembremos um pouco de sua história nas palavras dos que testemunharam os primórdios desta música, e dança, que nenhuma outra terra tem

“O frevo é genuinamente pernambucano, assisti-lhe ao nascimento, conheço-o, portanto, muito de perto. Antes do frevo era o Zé Pereira, a música popularizada do carnaval pernambucano. O Zé Pereira, cuja melodia tinha curso noutros estados do Brasil, e no estrangeiro, donde parece ter vindo.

E a música do estróina José Pereira passou a se chamar A Marcha do Zé Pereira, e libertando-se ela da quadrilha a que pertencia, ficou sendo simplesmente Zé Pereira. Ao Zé Pereira substituiu o frevo. Começou a engatinhar no começo do século, sem nome e como enjeitado. Até que recebeu o batismo, porém anos depois, quando já estava ficando taludinho. Foi no tempo das polcas. Não havia compositor que não escrevesse polcas, nem menina de salão que não dançasse.

Havia as saltitantes, e as de ritmo não muito violento. Às últimas davam o nome de marcha polca, ou de polca marcha. Era como uma marcha mais acelerada, ou uma polca menos violenta. E os clubes de pedestre começaram a adotar a marcha polca, e esta foi se tornando independente” (texto de Mário Mello, com falas do Capitão Zuzinha, em 1938)

O PASSO

“O moleque pernambucano criou sobre o calçamento esburacado dos becos do São José e Boa Vista, ao som do frevo eletrizante, a sua dança carnavalesca. Não é polca, não é samba, não é coco, nem batuque. É tudo reunido e expresso simplesmente nesta pequena palavra: passo” (Ovídio da Cunha, 1938, em artigo para o JC)

O FREVO

“(…) Ao encontro de clube rivais era comum toda sorte de violência, onde não raro saíam feridas e mortas várias pessoas. Por vezes o cheiro do sangue misturava-se ao do carbureto das lanternas coloridas. E os Vassourinhas pisam à frente, defendendo o seu estandarte, com a mística igual ade um regimento para com a sua bandeira.

Esses clubes tocam sempre o frevo, que não se pode cantar, onde há predominância dos instrumentos de sopro, e saem de preferência à noite. Na música do frevo nota-se o conflito entre o ritmo sincopado dos motivos africanos e as frases musicais da música europeia” (Ovídio Cunha, 1938, idem do citado artigo).

(foto: José Lourenço da Silva,  o capitão Zuzinha ensinando frevo a uma orquestra carioca, anos 40).

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