Embora a data fixada como do surgimento do frevo, 9 de fevereiro de 1907, seja simbólica, foi fundamental para a revalorização do gênero a celebração do centenário em 2007. A programação fez jus à importância do frevo, culminando com o megashow no Marco Zero. Desde então, uma nova geração de músicos passou a se interessar pelo frevo. Louvem-se os trabalhos da Spokfrevo Orquestra e da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, com o maestro Forró à frente, que deram uma mexida no frevo. Por fim, a criação do Paço do Frevo, em 2014, sedimentou este interesse pela música e sua dança.
Orquestras, bandas, instrumentistas solo, autores em geral reverenciam os que fizeram o frevo no passado, mas não estão submissos à ortodoxia, restritos aos cânones estabelecidos. Isto pode ser constatado nos vários lançamentos de composições cantadas ou instrumentais feitas para o carnaval de 2023. Em postagem anterior comentei alguns singles que circulam nas plataformas de música para streaming. Nesta, comento mais uma trinca deles.
LUCIANO MAGNO
Veterano do carnaval pernambucano, vencedor de festivais de música carnavalesca, animador da folia há muitos anos, Luciano Magno, um dos mais completos guitarristas do país, domina a linguagem do frevo. No single recém-lançado, instrumental, ele presta homenagem a Moraes Moreira (1947/2020). Moraes, Carnaval no Céu é o título, que mescla o estilo dos antigos trios elétricos de Salvador, escanteados pela axé music, com o frevo pernambucano, de tompete, trombone e saxofone.
Luciano, que assina o arranjo gravou este frevo, no estúdio carranca, com os músicos: Vertinho Goes (trompete), Anderson Galindo (sax), Elci Ramos (trombone), Rafael Felipe (bateria), Juliana Andrade (baixo). Regência, do maestro Nilson Lopes,
ACADEMIA DA BERLINDA
Um dos principais grupos que carnavalizou diversos ritmos, e faz a festa em Olinda, a Academia da Berlinda aterrissou nas plataformas nessa quinta-feira, Dia do Frevo, com Bandoleiro, que os integrantes dizem que se parece com uma mistura de frevo, brega e reggae, no estilo da banda (acrescento que temperada com cumbia). Festeira e paradoxalmente melancolica, Bandoleiro é o reecontro da Academia da Berlinda, com o carnaval e com seu público.
Surgida em 2004, a Academia da Berlinda gravou com esta formação: Alexandre Urêa (voz e timbales), Tiné (voz, pandeiro e maraca), Yuri Rabid (baixo e voz), Gabriel Melo (guitarra), Hugo Gila (teclados), Irandê Naguê (bateria e percussão) e Tom rocha (percussão e bateria).
PC SILVA & ORQUESTRA MALASSOMBRO
Frevo Guardado, de PC Silva, que ele gravou com a Orquestra Malassombro, foi lançado no Dia de Reis, deste 2023. Um frevo de bloco, que celebra a volta do carnaval, depois de dois anos que não aconteceu, por causa da pandemia. Frevo Guardado não segue a temática nostálgicaa que caracteriza esta vertente do gênero, desde os três frevos alusivos às saudades do Recife, compostos por Antônio Maria no início dos anos 50, e Evocação, de Nelson Ferreira, sucesso do carnaval brasileiro de 1957.
O clipe de Frevo Guardado, com a bailarina Lili Rocha, tem como cenário o maltratado Centro do Recife, inclusive o trecho onde é montado o boneco gigante do Galo da Madrugada, e está disponívle no youtube.com desde 7 de janeiro.
Rafael Marques, maestro da Orquestra Malassombro, assina o arranjo de Frevo Guardado, que tem o coro formado por Isadora Melo, Clara Torres, José Demóstenes, Larissa Lisboa, Sônia Cristina, Sue e Rafael Marques.
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