Jura Secreta, clássico de Sueli Costa e Abel Silva, foi recusada por Maria Bethânia, e Simone relutou em gravá-la

Jura Secreta, a mais conhecida música de Sueli Costa, de 1975, tem uma história que começa lá atrás, em 1967, quando ela veio para o Rio, e ficou no Solar da Fossa, a célebre casa de cômodos, onde morou todo mundo que movimentou a cultura brasileira nos anos 60, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gal Costa, Torquato Neto, Paulo Diniz, Naná Vasconcelos, Paulo Leminski, entre muitos outros. Ela passou duas semanas no quarto de João Medeiros, seu parceiro musical, que dividia o aluguel com o poeta Abel Silva, que estava viajando.
Se conheceram depois, mas Abel ainda relutava em ser letrista. Somente em meados dos anos 70 foi que resolveu mandar letras de música para compositores. A de Jura Secreta enviou à Sueli por aereofone (espécie de telegrama mais chique). Dias depois ela lhe telefonou pra avisar que tinha feito a música para a letra. 

A intenção era a de que fosse gravada por Maria Bethânia, a quem Sueli Costa fornecia composições desde 1971 (no LP Rosa dos Ventos, que é aberto com Assombrações dela e Tite Lemos). Bethânia ensaiava um novo musical, Pássaro Proibido, e desconversou, até porque já incluíra uma composição dela no disco do espetáculo, Amor, Amor, parceria com Cacaso.

A segunda opção foi outra baiana, Simone. A quem ofereceram duas canções, Jura Secreta e Face a Face. A cantora deu preferência à segunda. Mas acabou aceitando ambas. Mesmo assim, Jura Secreta quase fica fora do disco que receberia o título de face a Face (1977). Simone primeiro a gravou com um grupo. Não gostou do resultado, Depois com dois violões, e também não aprovou. Fez mais uma tentativa com o pianista Gilson Peranzzetta, e optou por uma quarta versão.

Abel Silva comentou que preferia Simone a Bethânia para Jura Secreta. Se a irmã de Caetano tivesse gravado seria apenas mais uma grande canção que ela lançava. Com Simone foi uma grande música que virou um grande sucesso, repetido na voz de Fagner, em 1978, e recebeu uma ótima regravação de Wanderléa

(fonte: o quarto volume da série Então, foi assim – Os bastidores da criação musical brasileira, de Ruy Godinho, 2017)

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