Tuca Andrada faz, nessa sexta-feira, 10 de março, no Teatro Hermilo Borba Filho, a estreia nacional da peça Let’s Play That – Ou Vamos Brincar Daquilo, que versa sobre a vida e a obra do letrista, poeta, ator cineasta, crítico de música, jornalista piauiense Torquato Neto, cuja morte completou 50 anos em 2022. O texto, um, monólogo, é resultado da imersão feita pelo ator, durante vinte anos, na profusão de escitos de Torquato Neto, a partir da descoberta casual do livro Toquatália, organizado por Paulo Roberto Pires. Para chegar ao palco, Tuca Andrada com a parceria da coreógrafa Maria Paula Costa Rego (codiretora do espetáculo), e do violonista Caio Cézar (também recifense, mas no Rio desde início dos anos 90, especialista na obra de João Pernambuco).
A intenção não é simplesmente narrar uma biografia de Torquato Neto, um ser tão criativo quanto atormentado (ou tão atormentado por ser criativo?), ou como esclarece Tuca Andrada: “Essa visão do Torquato como poeta marginal, vampiro tropical, já é bem conhecida. Quero ir além. Mostrar também o Torquato solar, o criador que a todo tempo dizia: Não é possível parar (…) Com este trabalho, o que eu desejo é poder instigar as pessoas a pensarem com ele. Uma figura muito interessante para refletirmos sobre nossa sociedade”.
Torquato não foi apenas (apenas?) o autor da letra que melhor definiu a Tropicália, a de Geleia Geral (com Gilberto Gil), ou coautor de clássicos com Jards Macalé (Let’s Play That é dos dois), Caetano Veloso, Edu Lobo, parceiro póstumo de Paulo Diniz e Sérgio Britto (de Os Titãs). Foi igualmente um provocador e agitador cultural. As colunas que assinou nos jornais cariocas são metralhadoras giratórias, sobretudo as de seus últimos anos, no Última Hora. Ali escrevia sobre discos, shows, teatro, mandava recado, arremessava ofensas a desafetos, reinventando o colunismo cultural no país. Num ritmo alucinante, caleidoscópico. Entre elogios, ou defenestradas, em discos, recado a amigos, ele se saia com um comentário aparentemente desconectado do todo:
“Aí, crianças, a gente declara novamente: são uns malucos. São uns loucos. São uns totalitaristas.: cabeludo não entra. São uns chatos, são uns loucos, totalmente loucos e perigosos. É assim que eles estão: doidos, malucos, loucos e perigosos, ou não?”, ou esta: Teve um dia em que eu pensei eu estava para morrer. Faz muito Tempo, mas eu pensei em Deus ainda a tempo, e Deus me salvou. Eu me levantei e saí novamente pela rua graças a Deus” (ambas no Última Hora, em 1971).

Pelo que se antecipa, este é a dinâmica da peça, que traz, claro, canções marcantes do piauiense, como até uma inserção da voz de Torquato Neto, no único áudio dele tornado público (registrado nos bastidores do IV Festival da TV Record de 1968. De uma entrevista ao radialista gaúcho Wanderley Malta). Tuca Andrada, que já fez um musical sobre Orlando Silva, canta as músicas de Torquato e parceiros, inserindo em determinados momentos trechos de gravações de Gal Costa, a intérprete mais constante do compositor.
Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo prima pela simplicidade, extraindo o máximo do mínimo. Tuca Andrada interpreta o texto com ajuda apenas de um banco, sonoplastia, música, dança e com o assoalho coberto de poesias de Torquato. Na segunda parte o ator interage com a plateia, o que garante que cada apresentação não será a repetição da anterior.
Outra novidade que Tuca Andrada traz de volta aos palcos recifenses é não ser apresentação única, mas uma temporada. A peça estará no palco do Teatro Hermilo Borba Filho durante três finais de semana”.
Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo com Tuca Andrada. Datas: 10,11,12,17,18,19,24,25 e 26/03 Horários: Sextas e sábados às 20h e Domingo às 18h Local: Teatro Hermilo Borba Filho Ingresso: Inteira – R$ 50,00 , Meia-entrada – R$ 25,00 Realização: Iluminata Produções Artísticas.
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