Zé da Flauta, o Forrrest Gump da MPB, lança suas memórias musicais no livro Tempos Psicodélicos e Outros Tempos

Zé da Flauta lança, nesta sexta-feira, 10 de março, às 19h, na Passa Disco (Rua da Hora, 345)  o livroTempos Psicodélicos e Outros Tempos (Cepe Editora). A obra é importante não apenas porque o autor faz intervenções na música pernambucana, e brasileira, desde os anos 60, como também por ser o primeiro músico importante da era da psicodelia, e de eras seguintes, a escrever sobre essas “freveções” da música pernambucana.

José Vasconcelos de Oliveira, ou Zé da Flauta (por motivos óbvios) é uma espécie de Forrest Gump da música pernambucana. Nos últimos 55 anos, raras foram as manifestações musicais acontecidas no estado que não tiveram sua participação. Onipresente, tanto como protagonista, quanto como coadjuvante.

Foi um dos principais nomes do Udigrudi recifense da década de 1970, com o Phetus, ao lado de Lailson (que assina a capa e a orelha do livro), e Paulo Rafael, e tocando ainda com o Ave Sangria, com Flaviola, com Lula Côrtes e Zé Ramalho, no célebre álbum duplo Paêbiru — O Caminho da montanha do sol. Esteve em todas.

Zé foi acompanhando gerações musicais pernambucanas (e brasileiras), Alceu Valença, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Quinteto Violado, Chico Science & Nação Zumbi (tocou com o grupo no lançamento de Afrocibederlia, no Clube Português, e fez um punhado de apresentações com o CSNZ, como músico convidado), produziu o Cascabulho e a Querosene Jacaré.

Por uma peinha de nada não leva um Grammy, em1988, com a coletânea lançada nos EUA e Europa, Forró: music for maids and taxi drivers. Faz-se presente inclusive numa das músicas pop brasileiras mais bem sucedidas dos anos 70, Minha sereia, do alagoano Carlos Moura, produzido por ele.Zé gravou Jacinto Silva, Nenéu Liberalquino, Flor de Cactus (d que participavam Lenine e Zeh Rocha), Hanagorik, Spokfrevo Orquestra etc. etc. etc.

São muitas histórias, que finalmente resolve contar nesta autobiografia musical, alinhando mais de meio século de música em Pernambuco, Oropa, França e Bahia, com detalhes de shows, de discos, e os mais inusitados episódios, bons e maus momentos, e muitos “causos”. O cara está no quarto do hotel, batem à porta. Ele abre e se depara com Vinicius de Moraes, de cuecas, querendo saber se ele poderia lhe ceder as garrafinhas de uísque do frigobar. O hóspede, claro, era Zé da Flauta.

E o cara tem histórias para um segundo volume, talvez, um terceiro voluma. O livro tem pouco, por exemplo, das viagens com a Spokfrevo. Numa destas, há dez anos, eu estava. Um mês circulando pela Europa, dividindo quarto com Zé da Flauta a turnê inteira. Em Tarbes, cidadezinha nos Pirineus, perto da vila medieval de Marciac, onde acontece um importante festival de Jazz. Chegamos em Tarbes, colocamos as malas no quarto do hotel, e descemos pra almoçar.

Nos deparamos com uma surpreendente jam session no hall do hotel. Revezando-se ao piano, participavam da  jam, Chick Corea, Esperanza Spalding, Wynton Marsalis e Jon Batiste, um supergrupo do jazz, que só fez aquela única apresentação, que testemunhamos.Embora este livro esteja de bom tamanho, aguardemospor um segundo volume, um Tempos Psicodélicos e Outros Tempos Reloaded.

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