Nesse dia 15 de março, faleceu um dos maiores compositores da MPB, cinco dias depois de completar 80 anos. Citando o nome, Theo de Barros, pouquíssimos brasileiros saberão de quem se trata. Muitos conhecem Disparada, canção que venceu o II Festival da Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, em 1966. Na verdade, o primeiro lugar foi para A Banda, de Chico Buarque, que considerava Disparada melhor do que a sala composição.
Acabou que se decretou o empate, e A Banda e Disparada dividiram o prêmio de melhor música do festival. Disparada fez quase tanto sucesso no Brasil quanto A Banda, mas para todos os efeitos ficou sendo uma canção de Geraldo Vandré, que é o autor da letra. A melodia é de Theo de Barros. Na verdade, melodias. Disparada contém três melodias com andamentos diferentes. Uma moda de viola, digamos, progressiva.
Theo vinha de um sucesso, um ano antes, na voz de Elis Regina, O Menino das Laranjas. Depois de Disparada, ele se reuniu com Airto Moreira, Hermeto Pascoal, e Heraldo do Monte, num grupo montado para acompanhar Geraldo Vandré, e que se tornou uma lenda da música brasileira, nosso primeiro supergrupo, o Quarteto Novo, que só lançou um álbum, e um compacto.
Em carreira solo, Theo de Barros foi gravado por muita gente, mas só lançou álbum com seu nome 1980, com o irônico título de Primeiro Disco, duplo, uma retrospectiva de suas composições mais (ou menos) conhecidas, incluindo as citadas Disparadas e O Menino das Laranjas. Deixou uma discografia curta, com seis álbuns, dois com parceiros, todos são de puro refinamento. Tatanaguê (2017) é um dos melhores, creditado a ele e ao cantor Renato Braz. Que todos seus discos sejam reeditados, ao menos isso.
PERNAMBUCO
Carioca da gema, Theo de Barros tinha um pé em Pernambuco. Seu pai, o alagoano, Theóphilo de Barros Filho foi o todo poderoso superintendente da Rádio Jornal do Commercio nos primeiros anos da emissora (inaugurada em 1948). Theo de Barros viveu a primeira infância no Recife, era criança quando Hermeto Pascoal veio tocar na Rádio Jornal do Commercio de Caruaru, depois para a matriz no Recife, quando Sivuca foi levado por Carmélia Alves para o Rio. Na época em que Theo de Barros morava no Recife, outro futuro integrante do Quarteto Novo, Heraldo do Monte, adquiria uma guitarra para tocar nas casas noturnas da cidade. Na década seguinte, os três estariam tocando juntos, com o paraense Airto Moreira num grupo de lendas.
(foto de Theo de Barros e Geraldo Vandré, em 1966, reproduzida da revista O Cruzeiro).
Que bom que editam ainda pessoas como você que informam sobre a música brasileira. Ninguém noticiou a norte de Theo de Barros. Nação desmembrada , sem história.
Muito grato
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grato, eu também
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