Fernando Filizola, um dos fundadores do Quinteto Violado, e do Silver Jets, falece em Natal, aos 76 anos

Não sei bem  o motivo, mas quando me lembro de Fernando Filizola me vem a imagem dele no Silver Jets cantando o Samba da Benção, de Baden e Vinícius. Via no Canal 2, TV Jornal do Commercio, no programa Dimensão Jovem, apresentado, nos domingos, à tarde, pelo cantor Luiz Jansen. O Silvério Jets foi um dos conjuntos de iê-iê-iê mais conhecidos do Nordeste e no início tinha Reginaldo Rossi como vocalista. O Samba da Benção destoava totalmente do repertório que o grupo tocava.  Também foi dos poucos do pop recifense a gravar pela Rozenblit, lançou um compacto, com relativo sucesso. Foi o grupo que acompanhou o mineiro Zegê em seu único LP na gravadora pernambucana. Zegê depois adotaria o nome artístico Zé Geraldo.
Em 1971, Fernando Filizola daria uma guinada estética de 180 graus. Passou do rock para a música  regional nordestina, e foi um dos fundadores do Quinteto Violado, no qual tocou violão (e outros instrumentos) até 1984. Pelo talento e versatilidade Filizola teve carreira solo discreta. Só lançou um LP, Tá Cheirando a Coisa Boa (1986), com participações de Sérgio Kyrillos, Tovinho e Fernando Filizola, além das sanfonas de Dominguinhos, Savinho do próprio Filizola.   
Tentei entrevistá-lo quando escrevi a biografia do Quinteto Violado em 2012, nos 40 anos do grupo. Ele se esquivou, e não conversarmos. Em 2022, o livro teve uma reedição aumentada (acrescida da história de mais uma década de carreira da banda), foi publicada pela Cepe. Fernando Filizola prometeu uma entrevista, que acabou não acontecendo.
Conversei com ele duas vezes, uma delas em Aracaju, numa edição do Fórum de Forró. A outra na redação do JC, onde foi divulgar um disco que tinha produzido pra prefeitura do Cabo de Santo Agostinho. Deveria ter perguntado sobre O Samba da Benção. Filizola foi um grande músico, e compositor. Como violeiro, tinha uma técnica que trouxe dos seus tempos com o Silver Jets, usava palheta como se tocasse guitarra.
Fernando Filizola faleceu nesse domingo 19 de março, em Natal onde morava há anos. Faria 77 anos em maio. Por ter crescido em Limoeiro, seu obituário na imprensa o dá como limoeirense, mas ele nasceu no Recife, em Casa Amarela. 

Foto: o Quinteto Violado e Luiz Gonzaga, na Missa do Vaqueiro, em 1977. Fernando Filizola é o que está ao lado de Gonzagão

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